sexta-feira, 17 de maio de 2013

Capítulo 13 - Corações em silêncio (Parte I)


Em casa, finalmente. O avião tinha dado entrada na pista passavam dez minutos das duas da tarde, tendo sido um voo longo e cansativo com duas paragens que fizemos em Nova Iorque e Madrid.
Era realmente bom estar de volta, em porto firme e seguro mas nem isso me deixou menos ansiosa em lidar com o que ainda estava para vir… Trazia o coração embalado entre as minhas duas mãos e nem assim ele abrandava o seu ritmo descompassado de batida, e este só piorou quando pisei solo português.
Na minha mente estava traçada uma única finalidade na qual viera a maior parte da viagem a maturar e a mesma que não me permitiu descansar o quando deveria: o reencontro com Ruben, o derradeiro e inevitável…

- Eu vou contigo, está decidido! – impôs-se novamente Pedro contra mim, recusando ser o primeiro a bater o pé

Recolhêramos as nossas bagagens e atravessávamos agora o aeroporto da Portela, travando uma disputa onde ele insistia em conferir a sua vontade, num assunto que para mim não deveria  ter sequer discussão possível.

- Pela vigésima vez agradeço-te o apoio e a preocupação, Pedro, mas já te disse que não é preciso… Eu vou falar com o Ruben e vou resolver isto sozinha!

- É preciso relembrar-te que uma parte da culpa é minha? Deixa-me ir contigo, eu também quero falar com ele e explicar-lhe o meu lado nesta situação… Por favor… - ele era teimoso, possivelmente bem mais teimoso do que eu e quando se lhe metia uma ideia na cabeça tornava-se quase impossível conseguir demover-lha

- Pronto, pronto, tudo bem… - travei imediatamente o percurso devido à sua insistência que já se tinha tornado repetitiva aos meus ouvidos, e coloquei-me na sua frente – Fazemos então assim: Apanhamos um táxi, vamos primeiro a casa dos meus avós para deixar as minhas malas e pegar o carro, depois passamos pela tua e vamos então à procura do Ruben, e vemos se ele está em casa!

- Feito! – um sorriso de satisfação foi interpretado pelos seus lábios e foi assim que nos apressámos a sair do aeroporto, apanhámos um táxi e rumámos até à moradia dos meus avós, onde por enquanto eu ainda estava a viver

- Menina Joana, já chegou! – o meu querido Leonardo contemplou-me com um enorme sorriso nos lábios mal me viu trespassar a porta principal

- Olá, Leonardo! – nem resisti em dar-lhe um abraço apertado, o mordomo que durante anos me mostrara ser um bom confidente nas horas vagas e com quem eu construíra laços de amizade, e até paternais, muito fortes – Vim só deixar as minhas malas e pegar as chaves do carro…

- O quê, mas já vai sair, menina? Ainda agora chegou de viagem…

- Eu sei, mas tenho coisas urgentes pendentes que não podem esperar mais tempo para serem resolvidas! – declarei com uma certidão que não me deixou quebrar a voz e olhei seguidamente Pedro que permanecia à minha espera – Vou lá a cima… Volto num minuto! – deixei as malas no hall e precipitei-me às escadas que subi em quatro ou cinco lanços, transpondo os degraus a pares

Ainda consegui ouvir o tom de reprimenda de Leonardo enquanto eu percorria o corredor do andar superior, pedindo-me que abrandasse aquele meu ritmo acelerado que ainda assim mantive até chegar ao meu quarto, onde acabei por alcançar as chaves do meu carro que me lembrava de ter deixado sob a mesinha de cabeceira.   

- Pedro, já tenho as chaves… Vamos! – disse agitando no ar as chaves que detinha na minha mão e com a mesma avidez com que subira as escadas, da mesma maneira as desci – Até logo, Leonardo! – dei-lhe um beijinho rápido na face e alcancei a porta que voltei a cruzar para sair

- Não quer esperar pelos seus avós? Eles devem estar a chegar e com certeza querem muito vê-la! – ele tentou ainda demover-me, mais eu não podia esperar mais tempo para fazer aquilo que esperara por demasiados dias… não podia continuar adiar o inadiável

- Eu vou tentar não me demorar demasiado, está bem? Prometo!

- Mas tanta correria, menina… Parece que vai atrás do comboio(!)

- Eu diria mais que ela vai atrás da felicidade, Leonardo, se é que me entende… - Pedro não tinha mexido um único músculo desde que ali entrara e vi-me então obrigada a voltar atrás para arrastá-lo comigo

- Anda, Pedro… Vamos embora! – puxei-o pelo braço até conseguir arrancá-lo de casa

Ergui as chaves no ar de maneira a destrancar o meu jeep branco e entrámos finalmente, seguindo a rota dos planos que tínhamos delineado para as próximas horas.
Passámos primeiro na casa do Pedro para deixarmos as suas malas e por entre o habitual trânsito que marcava hora de ponta na capital portuguesa, segui para a rua, onde outrora já havia percorrido os seus trilhos vezes sem conta, na qual se encontrava o prédio de Ruben.

- Tem calma, vai correr tudo bem… - quando estacionei junto ao passeio oposto do passeio que fazia frontaria ao condomínio, Pedro apressou-se a transmitir-me uma dose de ânimo enquanto eu tentava ganhar alguma coragem para sair do carro e enfrentar o que o destino tinha reservado para mim

- Quero pedir-te uma coisa… Quero pedir-te que fiques aqui no carro, enquanto eu falo com ele primeiro… - olhei-o receosamente nos olhos e não deixei que as suas palavras se sobrepusessem às minhas quando reparei que ele se preparava para falar – Pedro, peço-te por favor! Não faço a mínima ideia como ele está, de como é que vai reagir quando me vir… Por favor, deixa-me fazer isto sozinha!

- Pronto, tudo bem… Mas se precisares de mim, já sabes… - ele compreendia o quanto aquilo era importante para mim, o quanto precisava de estar sozinha com o Ruben

- Eu sei, obrigada! – partilhámos um sorriso confiante por dois segundos, coloquei a mala no antebraço e abandonei o carro

O condomínio estendeu-se imponente na minha frontaria e não resisti em olhar as janelas de cortinas cerradas do apartamento dele… Respirei fundo tentando encontrar alguma força de alento que iria com certeza precisar, como se fosse assistir à condenação do meu próprio julgamento.
Atravessei a estrada com o cuidado que era exigido e alcancei em fim as portas duplas de entrada. Senti em meu peito uma arritmia descontrolada que absurdamente me dava sinais do meu coração poder saltar-me pela boca a qualquer segundo… Arrastei os óculos de sol até ao topo da cabeça e toquei à campainha com sistema de câmara, mas nada… Durante os minutos que ali estivera à espera e a pressionar o pequeno botão, que nenhum sinal da presença de Ruben em casa era transmitida pela sua voz que não soara ao intercomunicador, ou então, talvez, ele estava efectivamente lá e não queria ver-me. Mas não, eu encontrava-me ali com um único motivo, num único propósito e não iria abdicar dele simplesmente voltando para trás… Não iria nem tão pouco estava com intenções de fazê-lo.
Vi uma senhora com duas crianças a sair e aproveitei-me da situação para conseguir entrar na porta que então fora aberta. Junto à parede das caixas de correio vi a secretária do porteiro, que naquele momento estava a ser ocupada não por ele, mas por outra figura que eu tão bem recordava.

- Boa tarde, posso ajudá-la em alguma coisa? – a esposa do porteiro deslindou-me na primeira passagem, reconhecendo que a minha presença não era frequente ali, e interceptando desta forma a minha caminhada que já se propagava  morosamente até ao elevador

- Dona Luísa, boa tarde… - penso que ela não me tenha reconhecido no primeiro instante, pois o facto era que eu não ia ali há muito tempo, e  como tempo é sinal de mudança…

- Joana… É você? – tal como eu tinha pensado, a minha imagem tinha-se tornado vaga e dissipada aos olhos dela, o que não lhe permitira concluir de passagem a minha identidade

- Como está, Dona Luísa? – com um sorriso rasgado nos lábios, caminhei delicadamente sob os meus saltos altos até chegar junto a ela e assim confirmar-lhe todas as suas suspeitas em relação a mim

- Meu Deus, nem acredito… É mesmo você! – ela largou a sua revista de palavras cruzadas que a entretinham, ergueu-se da sua cadeira e ladeou a secretária quando me viu caminhar ao seu encontro – Mas deixe-me olhá-la bem… Deixou crescer tanto o cabelo, olhe bem para si… Tão elegante… Tão mulher! – enumerou carinhosamente, vislumbrando cada traço do meu rosto e corpo amadurecidos – Fico tão contente de a ver… Há quanto tempo!

- É verdade, Dona Luísa, há quanto tempo! – as nossas nostalgias encontraram-se ao recordarem juntas dos tempos em que eu era figura assídua ali – E diga-me, como tem andado a senhora? O seu marido?

- Cá andamos, bem graças a Deus… Ele hoje está de folga e ficou em casa, eu vim no lugar dele! – ela continuou a olhar-me com um sorriso deslumbrado nos lábios, que lhe caracteriza as típicas rugas nos seus olhos claros com pouco mais de sessenta anos de sabedoria – E você, Joana, como está?  

- Eu estou bem também… Vivendo um dia de cada vez, como se costuma dizer! – a minha cabeça inclinou-se delicadamente para o lado num gesto vulgar que foi acompanho por um simples encolher dos meus ombros, postura que me deixou à vontade para levar a conversa a outros assuntos – Eu vim à procura do Ruben… Sabe-me dizer se ele está em casa?

- O menino Ruben Amorim… Hum, não! Não está em casa! Já há alguns dias que ele não aparecia por aqui, mas voltou ontem e saiu hoje logo pela manhã… Parece que foi passar o fim-de-semana ao Algarve, o irmão veio cá buscá-lo e trazia a namorada!

- Foi passar o fim-de-semana ao Algarve? Talvez tenham ido para casa da Paula, a namorada de que está a falar!

- Paula? Não… Paula é a namorada do irmão do menino Ruben, que também foi com eles. A quem eu me estava a referir era à Inês, a namorada do menino Ruben!

- A namorada do menino Ruben…(?)- repeti sucintamente as suas palavras para que estas que me tinham entrado de rompante pelos ouvidos, começassem a ecoar furiosamente na minha cabeça

- Sim… - disse agora num sussurro, claramente apoquentado pois deveria ter sido atacada por uma fisga de constrangimento face que a última vez que nós duas tínhamos falado, eu ainda ocupava o lugar na vida de Ruben, o qual ela referia agora pertencer a outra mulher – Eles foram os quatro… juntos!

Senti-me como se tivesse sido projectada contra a parede por ter levado um valente soco no estômago. Como seria de esperar perante o conteúdo daquela informação, as lágrimas começaram a farpear e afloraram-me os olhos, mas eu contive-me a retê-las e escondê-las bem atrás das lentes escuras dos meus óculos que voltei a descer até ao rosto.  

- Obrigada pela informação, Dona Luísa! – agradeci, forçando-me a sorrir mas foi em vão… simplesmente não consegui fazê-lo, havia muita disputa entre a vontade do meu cérebro e a oposta do meu coração

- Está tudo bem, Joana? Talvez não tivesse sido uma boa ideia contar-lhe… - ela apercebeu-se da alteração repentina do meu tom de voz para um mais melancólico e frágil, o perfeito que indicava um começo de choro

- Não, não se preocupe… Tenha o resto de um bom dia! – queria sair dali o mais rapidamente possível para poder extravasar aquela nova sensação que me corroía por dentro, e foi isso mesmo que fiz… puxei a pega da porta e saí do edifício, voltando a atravessar a rua desta vez sem me preocupar com o tráfego de carros que a transitavam

- Joana, cuidado! – felizmente a voz elevada de Pedro travou-me, antes de eu pisar a última passadeira e quebrar o protocolo indicado pelo semáforo vermelho para peões, escapando à passagem acelerada de um carro que se cruzou à minha frente… quando o sinal esverdeou atravessei a passadeira sem mais alarmismos e cheguei ao pé dele que permanecera à minha espera encostado ao lado do condutor do carro – Foi rápido… Falaste com ele?

- Não! Vamos embora! – proferi monocordicamente, sem sequer o olhar e destranquei o meu carro – Desvia-te se fazes favor, para abrir a porta!

- Então é assim? “Vamos embora!”? – ele ficou surpreendido com a minha atitude, natural, para quem tinha lidado com a minha impaciência em querer ver e falar com o Ruben

- Não estamos aqui a fazer mais nada, Pedro! Ele não está em casa… Portanto, desvia-te da porta que eu quero entrar!

- Espera lá… Afinal o que é que se está aqui a passar, que eu não estou a perceber! – desviei o rosto e mantive-o longe do alcance dos seus olhos, mas não longe o suficiente do seu coração de melhor amigo que desvendou o cataclismo que impus ao meu silêncio – Ei, miúda… Então? – ele puxou-me para perto de si e tirou-me os olhos da cara para deixar exposta e desarmada a minha feição dorida – O que é que se passa, Joana?

- O Ruben não esperou por mim… - disse-lhe na superfície de uma expiração, guardando as explicações para depois

- O Ruben não esperou por ti? O que é que queres dizer com isso?

- Eu estive a falar com a porteira do prédio e ela disse-me que o Ruben tinha saído esta manhã para o Algarve, para passar lá o fim-de-semana com o Mauro, com a Paula e com a Inês… a “namorada” dele!

- A namorada dele? Mas que raio de história é essa?!

- É a história que me contaram… - dei uma resposta muito breve, ainda assim não consegui evitar um suspiro desconfortante que me surgiu de dentro

- Uma história sem pés nem cabeça, portanto… - os seus braços cruzaram-se na frente do peito e não demorou até vê-lo tomar uma atitude em defesa de Ruben – Tem de haver uma explicação!

- A Dona Luísa também me disse que ele não apareceu em casa estes últimos dias… Podes-me explicar isso?

- Joana, pára e pensa um bocadinho! – as suas mãos tocaram os meus ombros, obrigando-me a encará-lo e de certa forma apelando-me para que eu aprendesse a separar as coisas – Tu estás a fazer uma tempestade num copo de água, caramba! Ele pode muito bem ter passado uns dias a casa do David, ou melhor, pode ter ido para casa da mãe… Ele viu-se cá sem ti e sentiu-se desamparado… É sempre para lá que ele corre quando se confronta com problemas, tu sabes!

- Eu já não sei nada… Não sei! – soltei um grito suprimido, deixando então jorrar a primeira de muitas lágrimas que se haviam formado atrás das pálpebras

- Por favor, Joana… É por isso que estás assim? Toda a gente sabe que entre ele e a Inês não há mais nada! – a clareza na sua voz foi tão confiante que por momentos chegou até a sossegar-me – Mas tudo bem, vamos pôr a hipótese de a Inês ter mesmo ido com eles passar o fim-de-semana lá abaixo… O que é que isso prova? Durante os últimos tempos a porteira viu o Ruben na companhia dela inúmeras vezes, sabia que eles tinham uma relação, é normal que vê-los de novo “juntos” tenha associado isso a uma suposta reconciliação… Que na verdade não existe!

- Não namoram mas foram passar o fim-de-semana juntos… Claro, isso faz todo o sentido!

- O que não faz sentido é o que tu estás pra’í a dizer… Já paraste um segundo para ouvires a parvoíce que estás a dizer? – Pedro chamou-me à razão, pois devido à confusão de pensamentos eu não estava a conseguir ser coerente – A namorada dele és tu! Achas que se passavam os dias, ele passava à frente e mandava-se para os braços da ex? Por favor…

- Tal como disseste, passaram-se dias… Dias sem eu lhe dar uma única notícia, dias sem ele saber nada de mim! Tu conheces o Ruben, sabes que ele é precipitado, impulsivo… Eu sei lá que ideias é que lhe passaram pela cabeça para justificar o meu ‘desaparecimento’…

- O Ruben não era capaz de fazer uma coisa dessas… Nem tu acreditas nisso, Joana!

- Eu já não sei no que hei-de acreditar… Estou cansada disto tudo, não posso estar feliz por um bocadinho que logo a seguir o meu mundo desaba! – outra lágrima caiu e senti-me cada vez mais impotente  

- Então e o que é que pensas fazer agora? Vais ter com ele ao Algarve? 

O desafio foi-me colocado em cima da mesa, como sinal de um prenúncio que poderia anteceder ao desfecho de toda aquela história que mostrara ser um verdadeiro duelo para ser travado por nós dois… Restava apenas saber se eu estava em condições de aceitá-lo e levá-lo até ao fim.



***



- Menina Joana, dá-me licença? – depois de dois toques na porta, vi Leonardo esgueirar a cabeça para dentro do meu quarto

- Claro que sim, entra! – permiti de imediato com um sorriso no rosto, enquanto delineava caminho da minha cama para o roupeiro, desfazendo as malas de viagem

- Ah… Vinha perguntar-lhe se precisava de ajuda para desfazer as malas, se há roupa que quer que leve para lavar…

- Não, obrigada, como vez as malas estão quase desfeitas, e a Maria já passou por aqui e já levou a roupa suja! – predisse, fazendo a minha última caminhada até ao roupeiro onde pendurei dois vestidinhos frescos de Verão que tinha levado

- Sendo assim… - por momentos ele ficou expectante a olhar-lhe, sem saber o que mais havia de dizer, mas eu sabia que havia qualquer coisa que o estava a prender ali, qualquer coisa que ele tinha para me contar… apenas não sabia bem como – Eu vou indo…

- Leonardo, espera! – travei-o a tempo quando ele já se preparava para atravessar a porta e deixar no ar um assunto pendente – Não foi para me ajudares a desfazer as malas, nem para levares a roupa suja que vieste aqui, pois não…? O que é que se passa?

- Sabe menina… - com passos vacilantes ele cursou até chegar perto de mim em passadas receosas, que lhe desvendaram toda a hesitação do início de uma confissão atribulada – Desculpe-me a indiscrição, mas aconteceu alguma coisa entre si e o menino Ruben? – ele apanhara-me completamente de surpresa, esperava ouvir tudo menos aquilo

- Porq… Porque é que perguntas isso?

- Ele esteve cá… O menino Ruben veio cá a casa à sua procura! – as minhas mãos perderam as forças e deixei cair ao chão o último vestido que pendurava num cabide

- Ele… Ele esteve cá? Quando? – inquiri, visivelmente atrapalhada, agachando-me para apanhar do chão o que deixara escapar das mãos

- Há coisas de três, quatro dias…

- E os meus avós souberam o motivo de ele ter vindo cá?

- Não, os seus avós não estavam quando o menino Ruben veio… - suspirei de alivio, pois esse feliz desencontro iria poupar-me a muitas explicações – Mas menina… Ele parecia estar realmente muito preocupado consigo, saiu daqui transtornado por não a ter encontrado…

- Eu imagino que sim, Leonardo… - lá estava de novo aquele sentimento de culpa que não me abandonava por nada, e me queria fazer merecedora daquela angustia que por vezes não me deixava respirar – Ah! Diz à Rosa que não faça o jantar a contar comigo. Daqui a pouco já estou de saída… Vou ao Algarve!

Surpreendentemente ele não questionou aquele meu pedido, e não pôs em causa a viagem aparentemente enigmática que iria fazer rumo a sul. 
Foi então que depois de ter tudo arrumado me dirigi à casa de banho, dedicando-me a um banho longo que ainda não tivera oportunidade de tomar depois de pisar terra firme.
Regressei ao quarto com o corpo enrolado a um toalhão e antes de me vestir passei um bálsamo hidratante nas pernas e nos ombros para amaciar a pele, ligeiramente curtida pelo sol de Verão, e depois sim enverguei-me com a roupa que já tinha preleccionado e deixado sobre a cama. Troquei a saia e os sapatos de salto alto que usara durante toda a manhã, por uns jeans, uma camisola de manga curta que me deixava descoberta toda a zona do umbigo e uns ténis práticos e confortáveis. Amarrei o cabelo num coque preso no cocuruto da cabeça e usei uma maquilhagem de tons claros que me realçaram a cor dos olhos e volume dos lábios.



Quando saí de casa a noite já tinha caído nas horas, mas não no céu, que ainda se encontrava tenuemente claro devido aos dias longos do solstício de Verão. Antes de sair da cidade tive que forçosamente fazer a minha nova aquisição, um novo telemóvel, indispensável às necessidades básicas do meu dia-a-dia. Feito isto marginei pela Ponte 25 de Abril e para fugir ao tráfego e também às portagens da A2, optei por fazer rota pela estrada do litoral.
Lembro-me perfeitamente da Paula, a namorada de Mauro que conhecera dos tempos que começara a conviver com os amigos de Ruben, e de esta ter uma casa de praia na zona de Portimão, onde fôramos passar alguns dias de férias em dois Verões seguidos. Se os meus sentidos não me enganavam, e se Mauro mantivera o relacionamento, era lá que eles estavam.

- I… I… I am falling down, try and stop me/ It feels so good to hit the ground, you can watch me/ Fall right on my face, it’s an hupill human race/ And I… I am falling down (…) – como minha única companhia de viagem tinha a música, que se dispersava no vácuo do carro e tornava menor aquela minha solidão

Estava na estrada há praticamente três horas e a noite já tinha caído em pleno. Poucos veículos jornadeavam o mesmo ou o contrário percurso que eu jornadeava, tendo-me permitido fazer uma viagem mais tranquila e sem incidentes.
Trazia mil e uma coisas na minha cabeça, mas sabia que não poderia ensaiar um discurso para pregar a Ruben, pois este iria soar-me totalmente diferente assim que o visse, e quando dei por mim estava a fazer o último cruzamento chegando finalmente ao lugar que tinha debuxado e permanecia intocável na minha mente. Reconheci a co-propriedade privada logo que a vi, estacionei o carro perto da casa e imediatamente senti uma descarga de adrenalina percorrer-me o corpo… Teria mesmo de fazer aquilo, se queria ser feliz teria de correr atrás da felicidade, afastei-me dela por muito tempo, não estava disposta a abdicar dela de novo. Saí do carro, aproximei-me do pequeno portão e entrei, uma vez que este não estava trancado… Caminhei até ao sopé do alpendre mas algo de errado parecia estar ali, as luzes estavam apagadas, não ouvia qualquer tipo de ruído provindo do interior e a sensação de que a casa estava desabitada desalentou-me as esperanças. Bati à porta e espreitei pelas janelas, tentando ver o interior, mas nada mais que uma neblina escura do lado de dentro.

- Mas será possível que esteja tudo contra mim?! – preguei num laivo indulgente de irritação, na estúpida ideia de que alguém me pudesse ouvir e responder

E agora? Conhecia o carro do Mauro e este permanecia estacionado ao pé da vedação da casa, eles estavam lá e isso era certo mas onde teriam ido?

- Pensa, Joana, pensa… - pedi a mim mesma, fazendo o percurso contrário e saí de novo pelo portão… eles só podiam estar nos arredores para nem terem feito uso do carro, mas ond… - A discoteca! – concluí num múmurio mesmo antes de os meus pensamentos terem sido completados

Havia uma discoteca não muito longe dali, era a mesma que costumávamos frequentar algumas noites quando lá estivemos. Não sabia, não tinha como ter a certeza que era naquele lugar onde o poderia encontrar, mas tinha que ir até lá… Tinha de tentar, pelo menos.
Retirei a minha mala que tinha deixado sob o assento, colocando-a ao ombro, voltei a trancar o carro e fiz-me a pé ao caminho, que percorri em menos de dez minutos. Cheguei à entrada e o porteiro entregou-me o ticket de consumo, dando-me concessão para entrar e um novo ambiente invadiu-me. Não era um espaço de muita confusão, pois era maioritariamente frequentado por figuras públicas, o que justificou o facto de ter um minuto de assédio por parte de dois fotógrafos que estavam lá provavelmente à procura de cenas que servissem de fofoca entre aos média, ou mesmo de um escândalo.
Não pedi nada para beber nem senti vontade de me chegar à pista, a minha missão ali era só uma e era somente nela que me iria focar. Os seguranças cederam-me permissão para entrar na zona privada e em meu redor procurei apenas por uma cara… uma pessoa. E… sim! Era ele! O homem que amava e por quem tanto procurei, estava ali… A alguns metros de mim, no piso superior da área, sentado juntamente com alguns amigos que eu conhecia apenas de vista.
Queria ir até lá, queria subir a pequena escadaria e desculpar-me por tudo mas parecia que o chão flutuava abaixo de mim e os meus pés afundavam-se nele… Respirei fundo algumas vezes focando unicamente Ruben, e sem que ele ainda me visse tomei coragem e marquei os primeiros dois passos mas…

- Não faças isso! – uma voz masculina surgiu atrás de mim e paralisou todos os meus movimentos

Rodei receosamente sob as plantas dos pés e encarei-o de frente – Mauro…

- É preciso teres muita lata para apareceres aqui, não é? – utilizou-se de um tom rude e altamente prepotente que não era sinónimo dele, e na sua expressão consegui perceber bem que estava muito pouco feliz por me ver

- Mauro, eu não… Eu não estou a perceber… - o  meu coração começou a bater mais depressa e o peso das minhas consequências começou a abater-se em mim mais cedo do que esperava, vindo em cada reprimenda que me era furiosamente dirigida e se soltava da boca dele

- Não estás a perceber? Queres que eu te explique…?

- Mauro, é melhor terem cuidado… Andam fotógrafos a circular por aí. – razoavelmente perto de nós, e a aperceber-se daquela troca de palavras furtivas, estava o segurança, que com toda a certeza conhecia Mauro e não hesitou em alertá-lo, evitando um aparato de maior

- O meu irmão não precisa de ti… Não vês? – ele voltou-se novamente para mim e com a cabeça fez um curto gesto, para que eu o seguisse

Os meus olhos acompanharam o caminho traçado pelos seus, e quando rodei a cabeça para descobrir para onde eles apontavam, deparei-me com a imagem mais perturbadora que poderia ter visto. Olhei uma mulher que era indiscutivelmente Inês, que então se juntara ao grupo reunido nos sofás do piso superior, e com duas bebidas que trazia nas mãos sentou-se ao lado de Ruben, oferecendo-lhe uma, e partilhando sorrisos iniciaram uma conversa totalmente imperceptível para mim, trocando segredos ao ouvido um do outro.
Aquela panorâmica era demasiado sombria para ser tolerável… A minha visão ficou entorpecida pela linha de água que se enchera de lágrimas, e o meu queixo agitou-se num tremelico discreto pela emoção.

- Vê se o deixas em paz… Só fazes com que ele sofra!

- Não te preocupes… Estou mesmo de saída! – respondendo à sua injúria, encarei-o de novo, esperando estar a fazê-lo pela última vez

Estava pronta para fugir daquele lugar e desta forma escapar de todas as infelicidades que nele imperavam… Bati acidentalmente com o ombro no braço de Mauro e precipitei-me à saída, mas esta foi-me interceptada pelo segurança que se interpôs à minha frente com o seu corpo enorme e me impediu de passar para a outra zona da discoteca, provavelmente por pensar que aquele confronto ainda não estava terminado e Mauro não queria que eu saísse.

- Deixe-me passar, eu quero ir embora! – ordenei, numa voz que parecia tudo menos intimidante, pelo esforço desumano que fazia para não ter que me exaurir em lágrimas ali… na frente de todos

- Está tudo bem, deixa-a ir… - com a permissão dele o segurança abriu-me passagem, e mal o fez recordo-me de não olhar mais para trás e sair dali o mais rápido que pude a passo de corrida e com as lágrimas a escorrerem-me dos olhos

Assim que cheguei junto ao portão paguei a minha comissão de entrada e entreguei o ticket ao porteiro, que creio ter-me olhado surpreendido não só pelo curto tempo que passei lá dentro mas também pelo estado desvigorado com que saí.
Foi quando alcancei o passeio da rua que me senti à vontade para me libertar recordando aquelas imagens que me vagueavam na cabeça, e desvaneci-me num choro tão atormentado que mal conseguia ver para onde estava a ir.

- PORQUÊ? – aquela voz surgiu de novo nas minhas costas e toda eu tremi…

Mauro dera-me uma vantagem de avanço e seguira-me até à saída… Lá estava ele, a poucos metros de distância. Olhei para trás e vi-o andar apressadamente na minha direcção, pedindo-me por justificações.

- Porque é que o abandonaste? Porque é que o deixaste outra vez?

- Eu não o deixei! – vociferei, olhando a sua figura ofuscada na minha frente

- Não é isso que parece, sabes?

- O que parece ou o que deixa de parecer a mim não me importa… A verdade é só uma e é aquela que garante que eu não deixei o Ruben!

- Queres-me explicar então o que aconteceu para teres andado desaparecida estes cinco dias? Para não te teres dignado a ligar? Para nem teres tido a decência de mandares a porcaria de uma mensagem? – cada pergunta furtiva atacou-me como torpedos os quais incitavam uma enchente de represálias que eu não iria saber como lidar – Tu tens noção no estado de preocupação com que o deixaste? Diz-me o que é que aconteceu… Vá, diz!

- Desculpa mas não é a ti que eu tenho de dar justificações! – tentei manter a calma e controlar-me ao máximo, mas a cada segundo aquela disputa ameaçava tornar-se mais difícil de enfrentar de ânimo leve, e o meu estava a correr morosamente para o seu desgaste

- Realmente, Joana… Parece que já nem te conheço! – um sorriso de pura tirania foi reflectido pelos seus músculos faciais, e uma nova acusação fora lançada contra mim – Eu tinha-te como uma irmã mais nova, e olha que gostava bastante de ti… Até ao dia em que decidiste fazer as malas e traíres tudo o que o meu irmão sentia por ti!

- Eu não te admito que me acuses do que quer que seja, e muito menos que me julgues, quando não tens autoridade moral nenhuma para fazê-lo! – o meu indicador arrebitou-se no ar e apontou piedosamente para ele, e sem eu mesma querer fui forçada a recordar os três longos anos de solidão que vivi no outro lado do Atlântico, em terras que desconhecia e nas quais fui forçada  a viver longe de tudo, mas principalmente longe de um grande amor – Não fales de coisas que não sabes, Mauro…

- Então é assim… Não queres que fale de coisas que não sei, não é?

- Não devias… Fica-te mal!

- Tudo bem, já que metes o assunto nesses termos, vou então falar-te das coisas que sei! – os seus braços cruzados fincaram-se na frente do seu peito inchado pelo acto heróico que fazia por sair em defesa do irmão, e nesse curto instante dei conta de que um novo inflame de acusações estava prestes a surgir, e levar-me ao extremo da minha fragilidade enquanto mulher e amante – Sei que o Ruben se sentiu um completo miserável quando regressou ao início desta semana dos Estados Unidos e se apercebeu que tu lhe tinhas mentido e posteriormente deixado, sei que ele ficou destruído por dentro quando colocou a hipótese de te ter perdido novamente, sei que ele se sentiu que nem lixo porque te amava e tu deixaste-o… Outra vez!

- Mesmo que eu te diga mil vezes que não o deixei, tu não vais acreditar em mim, pois não? – inquiri com o coração rasgado em mil angústias, sabendo estar a ser vítima da maior injustiça por parte dele

- Sinceramente, não… Não vou acreditar em ti! Tu já te foste embora uma vez, já o abandonaste uma vez… Quem garante que não tiveste coragem de o voltar a fazer?

- Eu estou aqui, não estou? Olha para mim, Mauro! – pedi-lhe, tendo estofo suficiente para lhe segurar um braço e fazer com que ele me olha-se nos olhos – Eu estou aqui e vim até aqui pelo Ruben, vim para lhe explicar o que aconteceu, para que ficasse tudo bem entre nós! Vim porque o amo…

- O amor só não chega, Joana… Faltam-te as atitudes! E teres vindo até aqui teria sido uma boa atitude, se não fosse o motivo para apagares uma dor que já causaste!

Aquelas palavras recriminadoras fizeram com que a pouca força que ainda me restava, se sucumbisse por completo em dois ou três suspiros… Levantei o queixo em direcção ao céu só para obrigar as lágrimas a recuar, só para não ter que me dar por vencida e mostrar o lado mais humano e sensível que guardava secretamente em mim.

- Então parece que não há mais nada para dizer ou fazer aqui…

- Há só mais uma coisa… - quando os meus pés estremaram meia volta para me levarem para outro lugar, o timbre de Mauro que voltou a surgir, foi implícito o suficiente para continuar uma conversa que ainda não terminara – O Ruben é o meu irmão, entendes? O meu irmão… Eu não vou deixar que ele cometa mais erros contigo, eu não vou deixar que ele se sinta outra vez perdido por tua causa!

- Pensava que o Ruben já era crescidinho o suficiente para saber defender-se de uma mulher! – não evitei em usar-me de um tom mais espicaçado e irónico que usei na minha maneira de falar, talvez para conseguir de uma melhor forma defender-me dos pudores amargos que eram lançados a mim

- O Ruben é um tolo, não pode olhar para ti, não pode passar à tua beira, não pode beijar-te que fica logo disposto a largar tudo e a deixar tudo para trás só para ficar contigo… Ele não é crescidinho o suficiente para se defender do amor.

- Ninguém é…  

- Pois mas enquanto eu puder, é minha obrigação olhar por ele e pelo menos tentar impedir que volte a sofrer! – conhecia muito bem o instinto protector de irmão mais velho que Mauro detinha com orgulho, e que por vezes Ruben se aproveitava dessa mesma protecção – Ele não quer voltar a olhar para ti…

- Parece que ele agora já tem para quem olhar! – respondi tão rapidamente quanto a minha perspicácia mo consentiu, e Mauro soube logo ao primeiro instante o que eu pretendia insinuar

- A Inês é o melhor para o Ruben, com o tempo ele mesmo vai chegar a essa conclusão… Foi um erro terem acabado com o noivado e terem-se deixado, e mais tarde ou mais cedo ele vai entender isso.

- Acho que já entendeu… - afirmei, sentindo o meu queixo voltar a tiritar

- Óptimo! Então talvez o melhor seja fazeres-lhe um favor e ires-te embora… De vez! – consentiu calmamente, colocando simultaneamente as mãos dentro dos bolsos – Boa noite! – deu meia volta e provido de um andar descontraído rompeu novamente pelos portões da discoteca onde acabou por desaparecer do meu astro de visão pouco depois

O meu mundo voltara a desabar-se num par de minutos, desvalorizando os escombros que poderia deixar. Ali sozinha no meio da rua, rompi num choro profundo e já muito contido, num soluçar angustiante que me acompanhou na caminhada morosa de regresso ao meu carro. Tranquei-me no seu interior logo que tive oportunidade, e sem ainda rodar a chave na ignição, deixei tombar o tronco sobre o volante e continuei amarrada àquele vale de lágrimas que não cessava dos meus olhos já doridos. Não sabia distinguir quanta mágoa me cabia no peito mas consegui senti-la pesar muito, tanto que me causou dificuldade em alimentar os meus pulmões de ar.
Eu amava tanto o Ruben, e afinal tudo não passara de uma felicidade camuflada por um trágico engano. Não podia ter acabo assim, não podia…




Boa noite, meninas, vim deixar-vos um novo capítulo!
Desculpem a demora mas nesta fase do campeonato preenchida com provas e avaliações, tem sido impossível vir cá mais vezes deixar-vos novidades.
Quanto ao capítulo, espero que gostem e deixem os vossos comentários,
é muito importante para mim receber o vosso feedback desta história que também é vossa! :)

Beijinhos,
Joana


11 comentários:

  1. Estes capítulos deixam-me :( sabes bem ao que me refiro... opa não gosto nada disto... deste reverso mas aguardo pelo próximo e por novidades melhorzitas LOOL

    De resto já sabes o quanto adoro ler o que escreves, nunca te escondi a admiração que tenho por ti e pela forma como consegues transmitir tanto com a tua escrita! Continua sempre mesmo que nós tenhamos que esperar por novidades tuas... mas nunca te esqueças e muito menos duvides do teu talento... nós esperamos sempre afinal a qualidade compensa :D

    Beijocas

    Mari

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  2. Esta fantastico quero mais.bjs

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  3. oh nao acredito?! nao tinha começado para nunca mais acabar?

    o Mauro foi um bruto, ok ok, está a defender o irmão, mas parece-me que quando o Ruben souber que ele impediu a Joana de ir ter com ele, é capaz de nao achar muita graça...
    e os homens sao mesmo fracos, mas porque raio o Ruben estava com a Ines? tou furiosa com ele...

    adorei o capitulo, apesar de triste.

    Beijinhos*

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  4. Tadinha da Joana... :/
    Eles merecem tanto ficar juntos......
    Continua....

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  5. adorei mas fiquei mesmo triste , o ruben e a ines .. oh espero que voltes a publicar outro capitulo em breve , adorei escreves muitissimo bem !

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  6. aiii *.* está lindo... só espero que a joana não venha de lá sozinha! espero que venha com o rúben...
    continua!

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  7. como sempre está perfeito:) escreves mesmo bem! é tão bom chegar aqui e ter um novo capitulo... th a certeza que eles vão resolver as coisas e a Joana vem embora com ele...pelo menos espero eu! eles merecem ficar juntos... continua :)

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  8. A chorar :S
    Ta lindo fogo nao quero mesmo que eles se separem!
    Amo, e a minha familia tambem! Somos 4 mulheres ca em casa e amamos!

    Beijinhos
    Alexandra, Joana, Ana e Gabriela

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  9. *.* mais que perfeito
    não tenho palavras Joana...

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  10. Ai, ai, ai, ai :( :( :( :(
    Homens... homens... -.-
    Meu pobre coraçãozinho está em pedaços, socorro!! hahaha. Que dó da Joana, ela não merece. E o Mauro heim? Essa de ''irmão protetor'' não podia vim em pior hora, grr -.- Tomara que tudo se resolva logo, nada está perdido porque a Joana tem é que falar com o Ruben, e não com o Mauro. E a Inês que vá passear u_u ok, estou um pouco má porque estou triste. Mas sério, perfeitão!!! Adoro *-*
    Beijinhos, Gabi :*

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  11. adorei. tenta publicar de novo logo depois dos exames ok? se pudesses publicar mais vezes no verão era bom . bjs

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