- Ainda nem acredito que te vais mesmo embora! – lamuriou
Sara, sentada à berma da cama enquanto Joana acabava de preparar a mala
Era uma manhã de Maio, tinha feito precisamente meio ano
na passada quinta-feira, que Débora havia falecido e agora, Joana, preparava-se
para a longa e tão ponderada, viagem de regresso a casa.
- Por favor, não comeces agora a choramingar, que eu juro
que volto a arrumar tudo no sítio e já não vou a lado nenhum! – fincou o pé no
chão, exibindo uma postura rígida, que a acompanhava no pequeno teatrinho
- Não sejas parva! – tombou o tronco, indo ao encontro do
colchão – Mas vai custar tanto habituar-me a isto, sem ti! – desabafou, fixando
um ponto no tecto tingido de branco
- Não sejas tu parva! Estás cá há muito mais tempo que eu, vai ser canja desenrascares-te sem mim! – afirmou andando de um lado para o outro do quarto tirando e
arrumando a roupa – E além disso, eu virei cá muitas
vezes para matar saudades… - fechou a mala fazendo correr o fecho e sentando-se
ao lado da amiga - … quando a faculdade me der uma pausa, eu prometo que te
venho ver! – jurou-lhe numa voz meiga e equilibrada, embora tendo consciência
que as saudades iriam ser bastantes e isso magoava-a, impôs-se em conter
as lágrimas, não se iria abaixo ali… enfrente dela
- Para que horas está marcado o teu voo?
- Para daqui a duas horas, mais coisa menos coisa… -
declarou ao olhar o pequeno relógio, disposto sobre a mesinha de cabeceira
- Queres que chame um táxi, para te levar ao aeroporto? O
meu carro ainda não saiu da oficina…
- Agradecia, amor! – sorriu-lhe em jeito de gratidão,
presenteando-a posteriormente com um beijo carinhoso no topo da cabeça – Mas
ainda tenho que me arranjar, primeiro! – proferiu já no corredor, indo na
direcção da casa de banho
Depois tomar um duche calmo e relaxante, Joana vestiu uma
roupa simples e fresquinha, tal como apelava a época do ano. Deixou secar os
longos cabelos claros e encaracolados ao natural, prendendo apenas a franja com
dois ganchinhos. Passou com lápis preto e rímel que lhe realçava os olhos
azulados, espalhando depois um gloss sem cor, mas brilhante, nos lábios. Enfiou
a pequena argola dourada no nariz, acabando por polvilhar o pescoço com o
cheiroso perfume de baunilha que Will lhe tinha oferecido no seu último
aniversário. Saiu da casa de banho e foi ao encontro de Sarah, que já se havia
disponibilizado para pendurar as duas malas de roupa mais a pequena de mão, à
porta principal.
- Estás pronta? O taxista já lá está em baixo à tua
espera! – informou-a com alguma tristeza comandar o seu olhar, por ver a amiga
partir
- Sim, estou pronta! – afirmou num tom conformista, tanto
estava pronta visionariamente, como pronta para abandonar a terra que a acolheu
durante quase três longos anos
Desceram até à entrada do prédio, sempre com o silêncio a
imperar todo o percurso e assim que se abeiraram do táxi, o taxista
prontificou-se a ajudá-las com as malas em cortesia e cavalheirismo, colando-as
no porta bagagens.
- Cuidas do Iokane? – perguntou-lhe com uma voz meiga,
pronta para ser rasgada pelo choro sereno a qualquer momento
- Fica descansada, eu trato dele! – assegurou-a limpando
rapidamente uma lágrima que tinha fugido do cantinho do olho – Prometes que
vais dando notícias? - inquiriu deixando fugir uma respiração entrecortada que
logo deu abertas a um choro soluçante
- Claro que sim! – assegurou-a rapidamente – Pede
desculpas ao Will por não me ter despedido dele!
- Fica descansada… - indagou morosamente fixando outro
ponto que não fosse o seu rosto, Joana sabia que ela não queria que se fosse
embora, no entanto como melhor amiga, Sara respeitou a sua vontade
- Vem cá! – disse ela, puxando-a contra si – Pronto… -
reconfortou-a nos seus braços, começando também a chorar – Eu prometo que venho
fazer-te muitas visitinhas, sim? – o sem tom calmo, serviu para apaziguar o
caraçãozinho de Sarah, que naquele momento encontrava-se de todas as formas,
menos tranquilo
- Está bem! – consentiu com a cabeça, quebrando o abraço e
enxugando o rosto pelas lágrimas humedecido
- Está na minha hora, Sara! – confirmou com o relógio de
pulso, voltando a pousar o olhar sobre o dela
- Sim… vai lá! – clareou a voz, assumindo uma nova postura
– Mas Joana… Não te metas em confusões, nem em sarilhos e por favor, tem
juizinho!
- Não te preocupes, eu sei muito bem tomar conta de mim, ‘tá?!
– empinou o seu narizinho, muito dona da razão – Agora vai! Xô, xô! Não gosto destas despedidas enfadonhas e lamuriosas! – brincou dando-lhe um ligeiro
empurrão provocado no ombro
Entrou no táxi e olhou a amiga uma última vez. “Eu
vou voltar!” – prometeu-lhe apenas com o gesticular dos lábios,
finalizando com um sorriso e um aceno de mão.
- To the airport, please!
***
Depois de fazer o check-in e de embarcar no avião, Joana acomodou-se
nos confortáveis assentos. E foi depois de se actualizar das novas notícias de
revistas portuguesas disponibilizadas no avião, ao som umas boas badaladas
reproduzidas pelo seu ipod e da hospedeira lhe inquirir se desejava tomar algo,
que adormeceu e só voltou a acordar quando aterrou nas terras Lusitanas.
Ao descer as indetermináveis escadas do transporte aéreo,
respirou de imediato uma lufada de ar fresco, proporcionada pelo regresso a
casa, regresso à cidade que a viu nascer: Lisboa. Tudo era característico a
Portugal… o cheiro a terra molhada da noite anterior; os raios rutilantes do
sol a fazerem as abertas por entre as fasquias da massa espessa das nuvens; a
língua materna a ser prenunciada em burburinho de fundo por todos os recantos
daquele aeroporto; a simpática; os sorrisos; os cheiros, os sons… tudo
continuava exactamente igual, desde o momento em que descolara no primeiro
avião para Nova Iorque… ia fazer três anos.
Saiu rapidamente do aeroporto e procurou um táxi
disponível. E assim que ajudou o senhor da casa dos setenta a arrumar as suas
bagagens e de ser ter aconchegado nos bancos de trás, voltou a baixar os óculos
de sol, preparando-se para uma viagem de sensivelmente meia hora.
- É para esta morada, por favor! – estendei-lhe o braço
com a mão segurar um papelinho, para que o Senhor o toma-se
Tinha-lhe dado a morada da casa dos avós paternos, naquele
momento era esse o único refúgio onde se podia e queria instalar. Não avisara
absolutamente ninguém da sua chegada, isso incluía família e claro, os velhos
amigos com quem nunca perdera o contacto. A viagem foi toda ela feita em
silêncio, com Joana a observar minuciosamente toda a paisagem que a rodeava
pela janela do carro, a passar por ela a km/h. Tudo respirava a Lisboa, tudo!
Sentia-se feliz por estar de novo no lugar a que pertencia, mas que já não
conseguia considerar mais como sendo seu. Logo às primeiras dificuldades foi
obrigada a abandona-lo, a esquece-lo, sem pedir quaisquer justificações,
abandonou-o e pronto. Agora não passava apenas de uma “clandestina” que iria
começar a vida do zero, naquela cidade que mesmo sem desconfiar, iria saborear
o doce sabor dos melhores e repugnar-se com os piores momentos da sua vida que
se asseguravam prestes. Os próximos tempos adivinhavam-se passados numa mórbida
viagem nos declives de uma verdadeira montanha russa… mas disso, Joana nem por
sombras conseguiria imaginar.
O táxi parou mesmo em frente ao portão da enorme mansão
dos Freitas de Andrade, e imediatamente um arrepio electrificante lhe percorreu
todo o corpo, provocando-lhe um ligeiro tremelicar por estar de novo naquele
local. Entrou, circundando toda a gigantesca rotunda, centrada por uma fonte
altiva e magistral, acabando por pousar as malas junto à porta principal. Depois
de ter tocado à campainha das antigas, foi uma questão de segundos até lhe
virem abrir a porta dupla, elaborada a madeira de carvalho vermelho, brilhante
pelo verniz… como fora desde sempre.
- Leonardo! – gritou num berro estridente assim que viu o
semblante tão familiar daquele homem de meia idade que Joana tanto prezava
Atirou-se de imediato para os braços dele, euforicamente
feliz por voltar a vê-lo. Leonardo era o mordomo da casa há mais de vinte anos,
que conviveu com Joana desde o seu nascimento até à altura… ela era a sua
menina. Um óptimo conselheiro e bom companheiro das horas vagas, chegaram a dar
longos passeios nocturnos pelo vasto jardim. Sempre portador de uma sabedoria
inigualável, pela sua conceituada experiencia de vida, Joana poderia considera-lo
como o seu melhor amigo mais velho. Leonardo sabia de todos os segredos da vida
dela, todas as curiosidades, todos os medos, conquistas, todas as relações
amorosas que um dia a magoaram amargamente e era no ombro amigo dele, que ela
chorava horas, pelos pretéritos que a atormentavam. Era homem de bons conceitos
e sobretudo de bom carácter, Leonardo envergava sempre um fato preto
perfeitamente engomado e uma fina gravata da mesma cor, com o cabelo penteado
exibindo uma polpa robusta e grisalha, e para além do seu cargo de duas
décadas, era também homem de família, mas que por escolha própria, juntamente
com a da esposa, optou por não ter herdeiros.
- Menina Joana… há quanto tempo! – disse ele, sempre no
seu tom terno e jovial, ainda a rodeá-la com os braços
- Meu querido Leonardo, fico tão feliz por te ver… Finalmente! – proferiu de olhos fechados e de queixo pousado no enchumaço de
ombro do casaco dele.
- Está tão crescida e tão… tão bonita! – fê-la rodar sobre
o seu próprio eixo para a poder vislumbrar melhor, sempre segurando-a
delicadamente por uma mão
- E tu continuas na mesma! Charmoso e elegante! -
recompôs-lhe a gravata golada, não que estivesse desenvencilhada, mas era
um hábito que Joana adquirira desde criança – Os meus avós, estão? –
inquiriu-lhe observando todo o esplendor da casa, digna de um artefacto de
museu… na esperança de encontrar os seus parentes mais próximos
- O Senhor seu avô não está, foi ontem numa viagem de
negócios lá para os lados de São Francisco, tratar de qualquer coisa dos hotéis
com o seu pai, e só deve chegar lá para o dia de amanhã! E a Senhora sua avó
está na biblioteca… Penso que esteja a escrever o seu último livro! –
revelou-me em jeito cordial fazendo um pequeno trejeito entusiástico com o olhar
- A minha avó está a escrever mais um livro? – a voz dela
trespassou surpresa mas acima de tudo felicidade, por ver que a sua avó estava
a investir de novo naquilo que fazia melhor: escrever
- Está pois! – consentiu ritmadamente com a cabeça – Já lá
vai para dois meses, que começou!
- Mas isso é óptimo! – bateu as palmas das mãos uma na
outra duas vezes rápidas, demonstrando assim o seu contentamento pela boa nova
– E achas que se for lá a ter com ela, a posso incomodar? - inquiriu agora, arqueando
a sobrancelha num arco perfeito, de modo inquisidor e vocacionando receio
- Ora, essa! – abafou umas leves gargalhadas olhando-a nos
olhos – Não vai incomodar absolutamente nada! A sua avó está cheia de saudades
da menina, vai ficar felicíssima por vê-la… garanto-lhe! – assegurou-a com um
sorriso ténue acentuar-lhe os lábios
- Então eu vou lá! – deu-lhe um beijo grato na bochecha e
dirigiu-se a passadas largas até à biblioteca
- Menina? – voltou a invocá-la, fazendo-a parar e olhar
para trás
- Sim, Leonardo?
- O que faço com as suas malas, que estão aqui fora?
- Trá-las para dentro e já vemos o que fazemos com elas! –
esboçou-lhe um leve sorriso e retomou o seu percurso
Deu dois toques ligeiros na porta coberta por vidros
cubados e como não ouviu nenhuma permissão de entrada provinda do outro lado,
rodou a maçaneta e espreitou, pondo a cabeça no lado de dentro. O seu olhar
fitou-a de imediato, debruçada sobre a secretária, a rasgar a tinta da
esferográfica sobre o papel branco, na sua postura altiva de senhora não de uma
idade muito a avançada, pois quem não conhecesse os seus bem constituídos
sessenta e quatro anos, ninguém diria que era portadora dessa idade… apenas as
rugas de sabedoria vincadas na testa e no pescoço, eram capazes de a denunciar.
- Avó, dá-me licença? – invocou quase imperceptivelmente,
com uma voz educada, mas foi o suficiente para que Sofia desse pela presença
anatómica da neta
- Joana? – retirou os óculos que até à altura permaneciam
encaixados na ponta do nariz, e ergueu-se do cadeirão, ainda abismada com a
figura de mulher que estava perante os seus olhos – Joana, filha! – apressou-se
a abrir os braços e a correr na direcção dela, para a receber no aconchego de
seu abraço
- Avó! – de olhos já esbugalhados foi ao encontro da sua
segunda mãe, aconchegando-se de imediato no abraço oferecido e foi assim que
sentiu a fragrância inebriante daquela essência que já tão bem conhecia, que os
seus olhos brotaram lágrimas de felicidade, assim como o seu pequeno coração que
se soltou rapidamente das amarras a que se tinha submetido nos últimos tempos,
longe dos que mais amava
- Senti tantas saudades tuas, minha querida! – proferiu
ternurosamente ainda no calor do abraço
- Eu também tive muitas saudades suas… Muitas mesmo! –
afastou-se ligeiramente tentando acalmar os soluços instaurados pelo choro
- Não me disseste que vinhas... Mandava alguém ir buscar-te
ao aeroporto! – sentou-se na cadeira num canto da biblioteca e mandou Joana
sentar-se na cadeira da frente, com uma pequena mesinha centrada entre as duas
- Pois, de facto não disse. Desculpe ter aparecido assim
de surpresa, avó! – censurou-se colocando a mala sobre o seu colo
- Oh minha querida, foi a melhor surpresa que me poderias ter
feito! – confortou-a abrindo os lábios num sorriso apertando a sua mão na
dela – E diz-me, vieste cá apenas de passagem para nos fazeres uma visitinha?
- Não avó, vim para ficar! – afirmou prontamente, muito
segura das suas ideias e objectivos – Queria saber se não se importava que
passasse aqui apenas esta noite, ainda não fui a casa… Nem sei em que preparos
a irei encontrar!
- Ora Joana, isso nem se pergunta! Podes cá ficar as
noites que quiseres, não tenhas pressa de te ires embora! – pausou brevemente,
enquanto denotava todo o corpo da neta – Estás cada vez mais bonita… uma
mulher! – um sorriso orgulhoso abundou nos seus lábios – Queres que mande a
Rosa preparar alguma coisa para comeres? Deves estar cheia de fome, depois da
viagem…
- Deixe estar, eu comi no avião! Na verdade ainda tenho
algumas coisas para fazer antes de me instalar…
- Que coisas, querida? Se é que posso saber, claro! –
perguntou-lhe com meiguice cruzando as pernas
- Preciso de ver o meu padrinho, matar as saudades e ir buscar
a minha mota, que deixei em casa dele quando me fui embora! Por acaso não sabe
onde o posso encontrar a estas horas?
- Bem, o Rui agora deve andar para os lados do Seixal… Muito provavelmente no treino do Benfica! Se lá fores podes encontrá-lo, com
toda a certeza! – as garantias eram certeiras, pois Sofia tinha falado com o
padrinho de Joana, naquela manhã
- Então é melhor lá ir agora, antes que se vá embora! –
ergueu-se da cadeira, colando a mala ao ombro
- Espera, vou mandar preparar o carro! – disse-lhe
erguendo-se também, para logo de seguida chamar o mordomo
- Leonardo, faz-me o favor de dizeres ao Zeca para
preparar o carro, que a minha neta vai sair! – pediu-lhe ela, sempre muito
educada
- Sim, minha senhora, digo já! Com licença! – consentiu
com a cabeça, retirando-se de imediato
- Avó, então? Eu podia muito bem chamar um táxi… Não era
preciso dizer ao motorista!
- Para que é que vais gastar dinheiro num táxi, se o Zeca pode fazer o favorzinho de te ir lá pôr! Era totalmente desnecessário, minha filha! – foi persuasiva nas palavras, sem deixar espaço para Joana ripostar
- Então eu vou andando, voltou mais logo, avó! – deu-lhe
um carinhoso beijo na testa, saindo da biblioteca e da mansão posteriormente,
rumo ao Seixal
Quando entrou no Caixa, arrependeu-se no mesmo instante. Aquele sítio trazia-lhe muitas recordações, boas, é verdade… mas que não
passavam de recordações, enterradas algures num pretérito.
Infelizmente, e para grande azar o seu, o treino já tinha
acabado, mas esse facto contudo, não foi impedimento para procurar o Rui. Tinha que admitir, os anos que não pôs ali os pés, corroeram-lhe a
memória, e os caminhos haviam sido completamente esquecidos… Nem portas de
saída encontrava. E sim, depois de ter andado alguns minutos às voltas, podia admitir estar aflitivamente perdida naquele recinto.
- Olhe, desculpe, desculpe! – apressou-se a correr na
direcção de um homem, assim que o avistou ao fundo do corredor, deixando que o
barulho ritmado dos saltos a colidir contra a pavimento, ecoasse por todos os
recantos
- Diga! – virou-se para ela, e fê-la dar um pequeno grito
em surdina, por ver a “torre bem encorpada” que era aquele homem
“Provavelmente um dos seguranças!” – equacionou mentalmente ao vislumbrar o aspecto rígido e durão que ele assimilava
- Sabe-me dizer onde posso encontrar o Dirigente
Desportivo… Rui Costa? – mordiscou o lábio inferior, enquanto enlaçava e
desenlaçava os dedos das mãos, num estado de nervosismo e ansiedade notório
- Desculpe, mas o Dr. Rui Costa neste momento não está
disponível para dar quaisquer entrevistas! - disse numa só respiração
perscrutando Joana com desdém, de cima a baixo
- Vai-me desculpar estar a desmenti-lo, mas olhe bem pra
mim… Olhe e diga-me! – arregalou-lhe os olhos de maneira a intimidá-lo, o que
foi uma total perda de tempo, visto que o homem nem deu sinais de vacilar –
Você acha-me com cara de jornalista? – amarrou os braços diante do peito
batendo com o pé direito no chão, de jeito irritante
- E não é? – torceu os lábios numa clara expressão duvidosa
- Claro que não sou, homem de Deus… Sou apenas a
afilhada dele! – esclareceu-o assim que teve oportunidade – E agora, vai-me
deixar falar com ele, ou não? – perguntou-lhe já ligeiramente aborrecida com
tanto impedimento, todo o tempo que estava ali a desperdiçar, podia ser chave,
para o perder e já não o ver nesse dia
- Sabe, eu não devia estar a fazer isto, mas se lhe
perguntarem, não diga que fui eu que lhe dei estas indicações! – precaveu-a de
imediato, antes que algo viesse a azedar para o seu lado – Está ali a ver
aquele corredor ao fundo? – confidenciou-lhe em tom de segredo, apontando para
o corredor com indicador a formar uma linha recta no ar, Joana apenas afirmou
com a cabeça – Atravesse-o e vá sempre em frente, depois vai encontrar outro e
aí vira à direita, sobe as escadas, vira novamente à direita e na segunda
porta do lado esquerdo vai ver uma plaqueta que diz “Direcção” é aí que ele
deve estar!
- Está bem, muito obrigada! E não se preocupe… - põe-se em
biquinhos de pés para lhe segredar ao ouvido – Fica um segredo só nosso! –
piscou-lhe o olho em sinal de promessa e seguiu o caminho indicado
Bem, não poderia considerar-se que “seguiu o caminho
indicado”, visto que já andava novamente às voltas naquele espaço.
“Mas porque raio, tenho a sensação que já passei por aqui?
Espera lá… pensa Joana, pensa!". Olhou em seu redor tentando descodificar o
lugar onde estava completamente sozinha, de facto andava às voltas, sem tomar a
direcção correcta "O homenzinho disse corredor esquerdo ou direito? Esquerdo
ou direito?" Voltava a repetir mentalmente. "Epá, desisto! Ando aqui feita
barata tonta e não encontro nenhuma porta a dizer 'Direcção' ”. Quedou-se por
instantes no mesmo lugar e ao olhar de realce para o corredor do seu lado
direito, encontrou alguém que supôs servir-lhe de bússola. "Finalmente que
aparece uma alminha!”, divagou em pensamentos, indo na direcção daquela figura
que permanecia voltada de costas e que aparentada visivelmente, pertencer a um
homem.
Aproximou-se de mansinho e clareou a voz, antes de se
prenunciar – Desculpe estar a incomodá-lo … - iniciou dando dois toquezinhos
nas costas dele, com os dedos – Mas será que me podia ajudar a… hum... - não
pôde dizer absolutamente mais nada, as palavras secaram-lhe na garganta assim
que aquele rosto angelical foi ao encontro dos seus olhos
Por momentos Joana esqueceu-se quem era, esqueceu-se do
que fora ali fazer e esqueceu-se de respirar. Agora o seu mundo era ali e
girava em volta dele. As suas faces ruborizaram a vermelhidão da timidez, o
seu coração começou a martelar forte no lado esquerdo do peito, ameaçando
romper-se das artérias, rasgar-lhe a pele e fugir do seu corpo, a qualquer
momento, e a sua cabeça latejava como se fosse vítima de uma bomba relógio,
pronta para assinar a sua sentença de morte num abrir e fechar de olhos.
Era ele! O homem que mais temia voltar a ver, voltar a
encontrar… estava ali mesmo, bem na sua frente! Aquele perfume delicioso e
delirante que fazia a cabeça dela andar à roda… aqueles olhos grandes que nem
objectivas e castanhos-avelã… aquele rosto de miúdo tingido pela barba de três
dias, que havia feito cócegas na sua pele… aquele corpo ténue e esguio que
desde sempre a fizera suspirar… aquela expressão de homem educado e simpático
num misto de um puto traquinas e rebelde… e aqueles lábios, aqueles lábios
carnudos e apelativos que um dia, outrora, haviam pertencido aos
seus…
P.S.: Às meninas que perguntaram, a música do blog é o tema "Need" de Hana Pestle! :)
Ai minha Juca, que mais te hei-de eu dizer? :o
ResponderEliminarPerco completamente o dom da palavra sempre que venho comentar os teus capítulos, pois sempre que chego ao fim, fico completamente gaga, e olha que isso raramente me acontece!
É incrível os sentimentos que consegues embutir na escrita e a capacidade que tens de nos fazeres imaginar tudo na nossa frente!
Já disse e volto a dizer: é talento! :D
Agora já sabes que quero mais, minha linda! :)
Beijozão enorme, Adoro-te! ^^
PERFEITO !
ResponderEliminarLINDO DEMAIS .
QUERO BIS ...
Ohh Tão Lindoooo!!
ResponderEliminarAdoro mesmo Juca!
Continua
Beijinhos!
Ohhhhh!!! MEU!! DEUS!!! (ate tive q separar, é demasiada excitação xD) POSTA DEPRESSSSAAAA! POR FAVOR!
ResponderEliminarOieeeeeeeee (:
ResponderEliminarADOREIIIIIII :D
Quero mais sim ? *_*
Beijinhos*
Minha linda, cm te disse só agora é que consegui ler :s mas tenho a dizer que adorei :)
ResponderEliminarAgora fiquei com a pulguita atrás da orelha... quero saber a reacção dele quando vir quem lhe bateu... LOOL
COntinua minha linda :)
Bjs
Catarina Silva
http://redescobriroamor.blogspot.com/
P.S. desculpa n consigo comentar c a mha conta :s
Está tão perfeito, quando vi que tinhas postado vim logo a correr ler. Espero poder descobrir mais desta tua maravilhosa escrita mais vezes e com mais frequência.
ResponderEliminarAdorei <3
Obrigada (:
ResponderEliminarMinha linda Juca, só hoje passei aqui pela tua nova fic... Tenho-te a dizer que o inicio me custou um pouco a ler, de facto a doença de alzheimer é um assunto mt complicada e a mim particularmente diz muito... É agonizante ver uma pessoa que nos viu crescer perder-se e deixar de ser ela própria, é um sentimento de impotência que nos consome vê-la esquecer-se de coisas simples ou de a ouvir dizer coisas sem nexo que já se passaram há muitos anos atrás...
ResponderEliminarBom, a única coisa que te tenho a dizer é que estou a gostar mt da história, a escrita é optima, fazes descrições fantásticas... Estou muito curiosa para ver o desenrolar desta história que embora esteja ainda no inicio, tem tudo para ser optima...
Mts bjs minha linda, continua :P
Clara
Obrigadaa (: sigo-te também*
ResponderEliminarNão sei se já comentei ou não, mas se ainda não o fiz faço-o agora.
ResponderEliminarTenho adorado o desenrolar da história e já vi que ainda tem muito pra dar, cheira-me a muita emoção!
Adorei! :')
Continua!
Beijo (:
Olá :D desculpa só comentar agora Juca, mas tenho tido alguns problemas com o computador e não tem sido fácil :s
ResponderEliminarEstou a adorar esta nova fic! E tenho a dizer-te que chorei logo com os primeiros capítulos! :p Continua, estou muito curiosa!
http://romanceinesperado.blogspot.com/
Beijinhos
Ritááá xD
Olá!
ResponderEliminarAcabaste de ganhar mais uma leitora! Estou completamente apaixonada pela tua fic!
Não a posso descrever de outra maneira a não ser pela palavra PERFEITA (com maiúsculas e tudo!)
Estou a amar!
Quando postas novamente?
Espero que seja rápido, porque estou mesmo curiosa.
Beijinhos!
PS: Adoro a música!
adorei completamente o blog. adoro a tua maneira de escrever. escreves mesmo bem. continua. tens de tudo para teres um bom sucesso com a escrita. ah! sigo-te :)
ResponderEliminarbeijinhos. maryanne.
excelente...
ResponderEliminarquero mais...
continua...
Gostei :)
ResponderEliminarEstá lindo , muito lindo ... e eu quero mais mais mais , o mais rápido possivel sim ?
ResponderEliminarNão faça uma fã sua esperar muito minha linda +.+
Beijos !
Vais desistir desta fic? :(
ResponderEliminaradorei o blog, e principalmente a história.
ResponderEliminaré incrível a tua maneira de escrever!
estou ansiosa pelo resto. continua. :)
sigo - te! :b
estou a adorar mesmo muito ler esta historia, escreves tão bem!
ResponderEliminaracabei de ler agora todos os capitulos, e não me importava mesmo nada de ler mais agora!
sigo, sem dúvida alguma!
minha querida, para quando tu nos deixas deliciadas com mais um capitulo desta maravilhosa fic? já tenho saudades de ler um capitulo, era tao bom que nos desses esso gosto! :bb
ResponderEliminarnao sei como isto foi acontecer, mas eu jurava que já tinha comentado este capitulo!
só consigo arranjar uma palavra adequada , ESPECTACULAAAAAAAAAAAR! amei imenso, e esta história promete, estou ansiosa para ler o proximo!
beijinhos linda!
obrigada*
ResponderEliminarAinda bem que gostas-te princesa *-*
ResponderEliminarOlha confesso que demorei um bocado a ler o texto todo mas está lindo e acredita que toca mesmo no coração e a musica ajuda, está lindo a historia acabou mesmo bem muitos muitos parabéns (:
Ah está bem, então espero o proximo episodio *-*
ResponderEliminarEspero pelo próximo capitulo, porque isto promete :D
ResponderEliminaradorei, a sério que sim! Mas nao me faças sofrer mais e posta rapidinho xD
beijinho
Raquel
quando voltas a publicar ???????!
ResponderEliminar