domingo, 1 de dezembro de 2013

Capítulo 21 - Amor de perdição (Parte I)

Com a rapidez das folhas coloradas de Outono que deram lugar às primeiras chuvas de Inverno, o tempo passou, fugaz, trazendo consigo novos adventos que se advinham prestes de enfrentar para mim.
Passei o último par de meses da forma mais calma e tranquila que consegui, procurando evitar emoções que me arrastassem ao desconforto e pusessem a minha vida e a vida do meu bebé em risco, e mantive-me o mais reservada possível no que respeita à minha, ainda precoce, gravidez. Para além de Adriana e Sara, quem mais estava a par do meu estado de esperanças era a David, na promessa de não referir uma única palavra a Ruben; o meu melhor amigo, Pedro; e a minha avó, de quem eu não conseguia esconder o que quer que fosse por muito tempo, e respeitando – contudo com alguma apreensão -, a minha escolha de não desvendar a identidade do pai, recebi da parte dela uma dose extrema de carinho e apoio que me sossegou e me fez sentir amparada de qualquer desgosto que estivesse por vir.
Apesar de, e tal como prometido, ter ido visitar Inês a fim de ajudá-la com algumas demandas em ponto solto do casamento, não me cruzei uma única vez com o seu noivo, o que fazia com que quase três meses, três longos e tristes meses tivessem passado ser o ver, sem manter qualquer contacto com ele, fatalmente o mais irremediável contacto de todos – o físico. E durante todo aquele tempo tentei dar voz ao ditado “Longe da vista, longe do coração”, porém nem por um momento ele se tornou verídico na minha vida.
Mas verdade era que o tempo não parara e tinha voado de facto, o que significava que nos encontrávamos nas vésperas do casamento de Ruben e Inês. Tinha sido acordado de que os padrinhos, familiares e amigos mais íntimos passariam a semana na vivenda da margem sul pertencente à família Amorim, mas desculpando-me com obrigações que a minha faculdade me exigia, consegui reduzir a minha estadia naquela casa de sete para quatro dias.
Agora ali estava eu, estacionada perto do portão de entrada, sem coragem de abandonar o carro e rumar vivenda a dentro. Sabia que chegara o momento do reencontro, do confronto com a pessoa que durante tanto tempo – demasiado -, andara a evitar e tentar esquecer, mas o momento derradeiro chegara e não havia como fugir-lhe mais.

- Joana, respira fundo e sai desse carro… - subordinado a embutir-me um pouco de coragem, o meu melhor amigo falava comigo ao telefone, foi para ele que liguei há coisa de vinte minutos, logo quando cheguei

- Vão ser os dias mais dolorosos da minha vida, Pedro…

- Eu sei, pequenina, eu sei, mas tu és forte e esses dias vão passar rápido, vais ver… - tanto ele como eu sabíamos que o que dissera era uma total mentira pegada, o tempo iria custar a passar mais do que em quaisquer outros momentos, mas fazer-me acreditar no contrário poder-me-ia aliviar um pouco a carga emocional – Dentro de pouco tempo vou estar aí contigo, até lá, liga-me sempre que precisares.

- Vou precisar, podes ter a certeza… - citei num burbúrio contundente de quem tinha consciência de que iria precisar de um ombro amigo em quem confiava, que me compreendia, onde me apoiar

- E quanto ao bebé… É desta que lhe vais contar?

- Antes do casamento, não. Até lá eu não quero que ninguém nesta casa saiba que eu estou grávida, não quero causar conflitos.

- Quando revelares que estás à espera de um filho do Ruben, os conflitos serão inevitáveis, Joana… Sabes muito bem disso.

- Por saber disso é que eu quero evitá-los o quanto puder. – o meu olhar viandou vagamente pelo portão de entrada, deixando-me permanecer atenta a quem pudesse entrar ou sair, para me certificar de que ninguém me vi-a até ao momento em que eu deixasse

- Acho que estás a ser injusta para com o Ruben, mas tu é que sabes… Fazes o que achares melhor. – talvez fosse verdade o que Pedro dizia, talvez eu tivesse a ser um pouco injusta, talvez eu não estivesse a agir da maneira mais correcta, mas no entanto nada disse em riposta, calei e consenti – Mas vai, vai lá… Já estás aí há demasiado tempo, está na hora de ires enfrente.

E estava, de facto. Por muito que eu tivesse andado a evitá-la, a hora chegara e estava na altura de enfrentar os meus medos, por muito que eles me assustassem.
Despedi-me então de Pedro, pedindo-lhe francamente que se mantivesse contactável caso eu sentisse a necessidade de lhe telefonar. Estiquei-me para o banco de trás e alcancei a minha mala, que prendi na dobra do braço, e finalmente saí do carro, fechei a porta e tranquei-o com um simples premir no botão da chave que ergui no ar.
Intimidada, fitei a enorme vivenda antes de avançar, e forcei os meus pulmões a receber ar que os alimentasse para me permitir respirar fundo e receber algum alento que me admitisse caminhar sozinha e enveredar pelos jardins que se escondiam atrás do muro que os cercava.
Avancei. Cheia de medo do que estaria para vir, aterrada com o que pudesse acontecer naqueles dias, profundamente triste por ir ver o homem que amava nos braços de outra mulher, mas avancei. O portão encontrava-se destrancado, o que raramente acontecia, pelo menos nos tempos em que a minha presença era assídua naquele lugar, e por isso entrei sem dificuldades. Voltar a pisar a relva daqueles jardins não me provocava aquela sensação estranha de Dejá Vu de que eu estava à espera, a sensação era outra e devo confessar que bem pior, fazendo as minhas pernas oscilar a cada passo contado, e embora da muita vontade que tivesse, voltar para atrás era estar a caminhar em sentido proibido.

- Tu consegues fazer isto, Joana… Tu consegues… - não levantei os olhos dos meus sapatos por um segundo, enquanto num monólogo empirista, tentava convencer-me do que achava ser impossível 

Como naquela época do ano a noite caía mais cedo, o céu já havia escurecido há cerca de uma hora ou duas, o que levantara a brisa tipicamente fria que me obrigava a recolher as mãos nos bolsos do casaco e a tapar os lábios atrás do cachecol de lã branca que me enlaçava singularmente o pescoço.
Uma das minhas maiores preocupações em ir para ali era sem dúvida a descoberta da minha gravidez, e um dos factores dominantes que poderia pôr em risco o meu silêncio sobre o assunto, era a minha barriguinha de doze semanas. Embora que ainda pequena, estava mais saliente do que eu esperava, e para uma mulher de silhueta esguia como eu, era fácil a qualquer um notar a sua volumidade à vista desarmada, e foi por isso que só optei por usar camisolas largas que a conseguissem disfarçar, enquanto a minha estadia.
Por fim, e depois de atravessar a calçada entalhada da clareira, cheguei junto da entrada principal, e da única porta que me separava de um mundo que mais do que nunca eu receava invadir. As vozes vindas do interior misturavam-se em conversas que eu não conseguia perceber, e o sotaque de algumas montaram a nostalgia em mim, pela saudade que eu já tinha em ouvi-las tão de perto.
Bati à porta, não com pressa de entrar, porque de facto não tinha, apenas três toques suaves que anunciassem a recém-chegada de um ex-membro da família.

- Oh, menina Joana… - foi a governanta da casa, a querida Glória, que me veio atender, mostrando-se visivelmente emocionada por me ver ao fim de tanto tempo – desde a minha última vez lá, depois de regressar da República Dominicana a fim de conversar com a Dona Anabela, para colocá-la a par da situação com o seu filho, que julgara ter sido deixado por mim pela segunda vez

- Olá, Glorinha! – foi daquela maneira que me acostumei a tratá-la, um hábito que adquiri do Ruben, pois fora assim que eu sabia ele a tratar desde miúdo

- Entre, menina, entre… - depois de trocarmos um abraço breve, ela deu-me espaço para entrar dando-me o primeiro contacto com aquela que seria a minha nova realidade na próxima meia semana – A Dona Anabela disse-me que a menina viria hoje… Ainda bem que já chegou.

- É… Já cheguei. – esbocei-lhe um sorriso inevitavelmente vazio, vítima da fatalidade que me obrigava a estar ali

- Estão todos na sala, ande vá ter com eles! Eu vou voltar para a cozinha terminar o jantar. – sempre muito educada, e dona dos seus cinquenta e poucos anos de idade, a Dona Glória esboçou-me um sorriso afável antes de me indicar caminho para o foco da casa e me deixar novamente sozinha

- Obrigada, Glória… Até já! – retribuindo-lhe a igual simpatia, vi-a afastar-se e desaparecer ao fundo do corredor

Instantes depois, também eu segui pelo mesmo corredor, onde apenas divergi a direcção quando enveredei pela esquerda e me assolei à entrada da sala de estar, onde as vozes que escutava desde o alpendre, ganhavam a respectiva figura e os sorrisos e gargalhas, um rosto.
Observei de relance cada um dos meus amigos, os que tinha em comum com Ruben e quase todos eles estavam lá. Não quis provocar qualquer agitação com a minha chegada, mas esta não passou despercebida a quem me era mais querida, que acabou por surpreender todos com a alegria e efusão da minha pequena Sofia, que mal deu por mim deu um pulo rápido e energético do sofá para me vir abraçar.

- MAMIIII!! – sua vozinha estridente foi capaz de interceptar as conversas paralelas de todos os presentes e fazê-los concentrarem-se em nós duas, e sem eu querer, passámos a ser o centro das atenções naquela sala

- Oh minha bonequinha linda! – recebi-a em meus braços sem hesitar por um segundo, e extravasei as saudades que sentia dela enchendo-a com beijinhos

- Que saudades, mami… Pensava que nunca mais vinhas!

- Mas vim, pequerrucha… Vim mais tarde mas já cá estou!

- Até que não era sem tempo, né gente? – a esposa de Luisão, aproximou-se de nós e veio dar-me um beijinho, carinhosa, tal como me lembrava dela desde que a conhecera

- Isso era tudo saudades minhas, Brenda linda?

- E era, ué! Pra não falar que a Sofia tem perguntado por você desde o dia em que a gente chegou aqui. – ela afagou-me meigamente o cabelo, e o seu perfume docemente tropical inebriou-me numa atmosfera harmoniosa

- Eu também estava cheia de saudades. – a falange do meu indicador pressionou a pontinha do nariz da minha afilhada, e a sua gargalhada de menina fez-me recordar do quão bom era sentirmo-nos amados pelos serzinhos mais doces da nossa vida

- Joana… - quando aquela voz feminina soou, o meu corpo procurou-lhe um rosto, rodando ligeiramente sobre os pés e foi encarar Paula, a cunhada de Ruben, que se soltou do colo do marido que ocupava o sofá junto à lareira, e sorridente veio ter comigo

- Paulinha! – pousei delicadamente a minha pequena Sofia no chão, que regressou para os braços da mãe, e deixei que fosse ela a vir ao meu encontro

- Finalmente que te vejo, que saudades! – ela abraçou-me ternurosamente, despoletando um beijinho na minha têmpora – Estás tão linda!

- Tu é que estás linda! Agora já sem aquela barriguinha de grávida, e em excelente forma! – confirmei enquanto a olhava, numa brincadeira que a fez rir muito levemente – E onde é que está o teu rebentinho? – não pude deixar de perguntar pelo mais recente membro da família, o bebé Gabriel

- Está lá em cima a dormir. Passou a tarde com cólicas mas finalmente já conseguiu adormecer… Quando acordar quero que o vejas! – um sorriso sincero e pueril deslizou no seu rosto e então, aproximando-se de nós, chegou Mauro, que eu penso que apenas por uma questão de educação, veio-o cumprimentar-me

- Mauro… – fui eu a abordá-lo, com um curto e discreto sorriso, que guardava os dissabores que tínhamos em comum, ainda por serem esclarecidos

- Olá, Joana. – de forma menos efusiva em relação àqueles com quem eu já falara, o irmão de Ruben surpreendeu-me ao saudar-me com dois beijinhos partilhados no rosto, mas embora parecendo-me mais calmo desde o nosso último encontro no Algarve, não senti qualquer sentimento de compaixão da sua parte

O meu olhar libertou-se então e vanguejou pela restante divisão que continuava a ser demarcada com caras conhecidas, mas a cara pela qual os meus olhos e o meu coração procuraram incessantemente, não tomava ali presença. Procurei-o em cada recanto… Junto à airosa janela, em cada sofá, em qualquer lado, mas a certeza era irredutível: ele não estava ali. Ao contrário do que seria de esperar, não foi por não vê-lo que deixei de me sentir menos nervosa, muito pelo contrário até, a ânsia de nos cruzarmos a qualquer momento fazia o meu coração bater atabalhoadamente no peito, e o sangue que me corria nas veias, ferver, acelerar o seu percurso e extravasar-me a adrenalina que me mantinha alerta e não me deixava serenar.
Apesar de não olhá-lo directamente, senti que Mauro continuava a observar-me a pormenor, em relances curiosos e críticos, mas felizmente consegui libertar-me do peso daquela sensação pouquíssimo tempo depois, quando uma outra voz amiga perquiriu pela minha atenção.

- E nós não merecemos um beijinho nem um abraço? – o sempre bem-disposto Nuno Gomes, sorriu-me num pedido óbvio para me aproximar dele e o cumprimentá-lo, e apesar de, infelizmente, ele já não fazer parte do plantel encarnado, era ali uma presença incontestável pela forte amizade que travava com ex-colega de equipa e agora noivo de Inês – Vem cá, miúda…

- Ai, Nuninho, Nuninho… Tu não mudas, realmente! – abraçámo-nos fortemente e depois ele libertou-me, para dar a vez à sua esposa, Patrícia, que continuava super simpática e carinhosa, tal como me lembrava dela, portadora de uma beleza invejável

- Que é feito de ti, rapariga? Nunca mais te deixaste ver… Se não fossem as revistas e a internet, perdíamos-te o rasto! – Patrícia exibiu-me o seu bem-querer que me guarnecia, e apesar de ao fim de tanto tempo que estivera afastada daquele grupo de amigos, estes ainda me guardavam um lugar no coração

- A faculdade não me tem dado grandes tréguas, e então… - desculpei-me da melhor maneira que consegui, apenas para não arrastar demasiado a conversa com outras justificações que certamente dariam pano para mangas

- Continuas linda… Um pouco diferente, acho, mas lindíssima!

- Um pouco diferente, Patrícia? Em que aspecto?

- Não sei bem, alguma coisa em ti mudou, tenho quase a certeza, só não sei bem dizer o quê… - ela olhou-me de cima abaixo, e quedou-se no delineio do meu rosto que analisou de um modo evasivo mas inocente – Talvez sejam os teus olhos, têm outro brilho, um novo brilho…

“Um novo brilho chamado gravidez.” – pensei para mim, era evidente que não me iria expressar em qualquer momento ou circunstância quanto ao assunto

- Não sejas totó, Patrícia… És uma romântica incurável e é por isso que vez brilho em tudo! – dando-me apoio, outra figura muito querida, aproximou-se nas minhas costas, e não hesitei em encará-la

- Oh, Adriana! – os meus braços abriram-se para uma amostra de carinho que a minha doce Adriana correspondeu, apertando-me para si

- Minha pequenina! – o seu timbre suave ressoou ao meu ouvido e pela primeira vez naquele dia fui absolvida com uma lufada de ar fresco que me deixou o espírito mais leve – Que bom que já chegaste!
   
- Sim… Cá estou eu! – indaguei, constatando-lhe discretamente as peripécias do destino que me tinham levado para ali,  e denotando ao mesmo tempo a ausência masculina que quase sempre a acompanhava – E o que é feito do caracoleta do teu zuca?

- Adivinha… Para não variar está agarrado à consola com o melhor amigo! Fui agora ao salão de jogos para tentar trazê-lo para aqui, mas foi escusado, nem ele nem o Ruben arrancaram o rabinho dos puff’s!
                                                                                                              
- Já devias saber como é que eles são, Adriana… Não se podem juntar em frente a uma televisão para jogar, que se comportam como autênticas crianças! Só quando lhes der a fome é que saem de lá. – falando pela voz da experiência, senti uma nova presença circundar o espaço por onde recentemente entrara, e foi de certo por não me reconhecer de costas, que a apanhei tão surpreendida quando me voltei de frente para ela – Oh minha filha, já chegaste…

- Dona Anabela! – a mãe do meu ex-namorado ficou ligeiramente emocionada por me voltar a ver na sua casa, e o mesmo posso dizer eu, que ao fim de tanto tempo voltava a ter em meu redor o que poderia intitular de o conforto de um lar, e nos seus braços ternos de uma mãe, em meses senti-me novamente em casa

- Que saudades, minha querida, que saudades… - ficámos abraçadas durante algum tempo, demasiadamente longo para matarmos as saudades de nos vermos, mas não o bastante que pudesse substituir uma boa e longa conversa, que num daqueles dias eu estava certa de que iríamos partilhar

- Muitas saudades, Dona Anabela. – o sentimento entre nós era mútuo, e não evitei o lacrimejar que me rebordou os olhos claros e expôs a emoção daquele momento

- Mas diz-me, como estás? Como tens andado? Estás bem? – embora os nossos braços tivessem sido obrigados a separar-se para que pudéssemos conversar olhos nos olhos, na frente dos nossos corpos as nossas mãos permaneceram unidas

- Eu cá estou… Uns dias em cima, outros nem tanto, mas graças a Deus tudo passa e é assim que se vai levando a vida. – mostrei-lhe um sorriso molestado porém verdadeiro, de quem tentava viver um dia de cada vez, e os meus ombros encolheram-se num gesto modesto que ela soube interpretar

- E eu quero que tu leves a vida de maneira a que sejas feliz… Com a cabeça erguida e sempre, sempre com um sorriso nessa carinha laroca! – as suas mãos suaves e perfumadas acolheram o meu rosto, silenciosamente corrompido de dor, e novamente as lágrimas subiram aos nossos olhos – Está prometido?

- Vou fazer por isso! – apenas com um trejeito do olhar e pela cabeça que se vergou muito levemente, agradeci-lhe as palavras que tencionava seguir para trilhar os caminhos futuros da minha vida, porém haviam factores dominantes interpostos que não dependiam inteiramente das minhas vontades

- Estávamos à tua espera desde o início da tarde… Pensei que chegasses mais cedo…

- De facto eu tencionava chegar mais cedo, mas entretanto surgiram uns assuntos que tive de resolver e só mais tarde é que consegui sair de Lisboa.

- Não aconteceu nada de grave, espero…

- Não, não se preocupe… Já está tudo resolvido. – por enquanto estava, mas não sabia por quanto tempo, pois ao início da tarde vira-me impossibilitada de sair de casa, enjoos fortes e frequentes impediram-me de meter as mãos ao volante e fazer-me à estrada por mais de uma hora, e somente quando estabilizei é que me senti capacitada de rumar a sul

- E já tiveste tempo de ver o meu netinho? – desta vez foi o seu cariz de avó babada a falar por si, e foi completamente transparente para ti, assim como para todos aqueles que se mantinham a par da nossa conversa, o seu estado pleno de alegria pela chegada do primeiro neto do seu filho mais velho – Tens de vê-lo, Joana, é lindo, lindo… Um docinho, o meu Gabriel!

- A Paula disse-me que me levava a vê-lo assim que ele acordasse… - proferi com um sorriso lustroso, e olhando seguidamente a Paulinha, que consentiu as minhas palavras

Não posso negar uma vontade intransigente que me assaltou o peito para contar a Dona Anabela, – e só a ela -, que o seu segundo neto vinha a caminho e crescia dentro de mim, a mulher que continuava tão apaixonada pelo seu filho mais novo, aquele que estava comprometido com outra pessoa e que tinha casamento marcado para o próximo fim-de-semana, mas uma vez mais a minha boca emudeceu-se e as palavras ficaram suspensas no baú de tudo o que ficava por ser dito.

- Oh mãe! – naquele instante o meu mundo tremeu e acabou mesmo por parar… aquela voz que se arrastou no ar, voou até voltar a tocar os meus ouvidos e gritou por toda a minha atenção, restaurando o sentimento profundo de nostalgia que me fez olhar o cimo das escadas – Mãe…

- O que é, Ruben? – copiando-me o gesto, o olhar de Dona Anabela procurou a figura do filho, que acompanhado por David que seguia mais atrás, descia as escadas num saltitar energético que antecipava a sua chegada à sala de estar

- Ainda falta muito para irmos jantar? Estou cheio de fome… - todos se riram ao ouvi-lo, – inclusive eu, que de um jeito mais reservado e discreto me deixar levar pela onda -, ora pelo seu ar meio rabugento de falar o qual ele usava e se tornara habitual para nós de reconhecer, sempre que o seu estômago começava a fraquejar; ora pela teoria da sua mãe anteriormente manifestada, que então veio a ser comprovada 

- O jantar deve estar quase pronto, Ruben… Tem um pouco de paciência.

- Oh, mas… - ele ia ripostar numa locução comandada pela sua impaciência, mas ao invés calou-se de repente e eu pude perceber muito bem porquê

E percebi porque fui eu própria que o calei… Calei-o sem dizer sequer uma única palavra.
Longe um do outro, dias, meses a fio, os nossos olhares compuseram o caminho rumo ao tão aguardado reencontro, fixando-se um no outro… e finalmente ali estávamos nós, a enfrentarmo-nos pela primeira vez ao fim de um tempo demasiado longo para ser suportável a alguém que ama com a mesma intensidade que eu amava Ruben.
O saltitar ritmado dele pelas escadas abrandou ao confirmar a si mesmo que era realmente eu quem estava ali, e foi com ligeireza e brandura que acabou por descer os últimos degraus e regressar ao andar inferior. Em todo o instante em que o seu corpo tomava uma direcção e os seus pés se arrastavam vagarosamente sob o chão, não tirámos os olhos um do outro por um segundo que fosse, e acho que todos devem ter reparado no modo como nos fixámos pois também não nos preocupámos minimamente em disfarçar. Quis libertar a tensão dos lábios e sorrir, no fundo sorrir-lhe, mas eles não obedeceram ao meu desejo sucinto e mantiveram-se selados.
Reparei que Ruben se começara a dirigir então a mim, talvez para me falar, e vitimada por essa suposição vi-me obrigada a suster o ar dentro do meu peito que consequentemente inchou com a opressão, mas David interpôs-se rapidamente na sua frente e roubou-me para os seus braços, amarrando-me contra o seu corpo enorme.

- Oi, mulequinha! – apesar de não lho conseguir ver devido ao abraço que nos enlaçava, adivinhei-lhe um enorme sorriso nos lábios, e senti os seus caracóis rebeldes e afunilados fazerem cócegas à minha face

- Oi, mulecão! – imitando-lhe o sotaque melado, aproveitei um pouco da sua alegria para saudá-lo também, e ofereci-lhe um beijinho jovial na bochecha 

- ‘Tava vendo que cê não chegava nunca mais, garota! – os seus dedos grosseiros delinearam carinhosamente os limites do meu rosto, e foi claro para mim o contentamento dele, que era afinal recíproco com o dos meus amigos, em eu ter chegado e estar finalmente ali com eles, ainda que não fosse do meu total agrado e querer

- Dona Anabela, o jantar já está pronto… Posso servi-lo? – antes de ter tempo de me expressar a David, a empregada e governanta da casa manifestou-se  educadamente à ombreira da sala de estar

- Sim, Glória, sirva por favor… Nós vamos já. – consentiu a mãe de Ruben com um sorriso de gratidão, na sua simpatia e clareza constante de patroa e anfitriã da casa

Tanto Mauro como Brenda, Patrícia e o resto do grupo que se encontrava reunido no conforto da sala de estar, seguiu ordeiramente caminho directo para a sala de jantar onde iria ser servida a refeição, mas por algum motivo superior, eu tinha ficado presa ali. Os meus pés não se moviam e pareciam estar pregados ao chão ou enterrados debaixo de duas pedras colossais que não me permitiam levantá-los, e arrisco-me a dizer que a mesma situação se dispusera em Ruben, o homem mais perfeito que eu alguma vez conhecera e que se mantinha tentadoramente disposto na minha frontaria.
Deixámos que os outros seguissem na frente e continuámos simplesmente a observar-nos… com uma intensidade, com uma ardência desmesurada tal, que mais um bocadinho assim e eu juro que perdia toda a minha lucidez e me atirava nos braços dele, que eu morria de saudades de senti-los agarrarem-me contra si.

- Então, oh seu banana, não estavas com fome?! Anda lá, mexe-te… - o Nuno apoiou pesadamente as mãos nos ombros dele e forçou-o a avançar, colocando fim e soprando para longe de nós, a aura que nos envolvia num pequeno e intransponível mundo só nosso

Ao olhar Ruben a ser arrastado com eles, fiquei com uma breve impressão de que ele sentiu que deixara escapar a primeira oportunidade de me falar. Provavelmente a primeira das poucas que iria ter, pois para mim e pelas razões óbvias, o quão mais afastada conseguisse manter-me dele naqueles dias, melhor, apesar de ter consciente a certeza de não vir a ser nada fácil, visto que iríamos viver debaixo do mesmo tecto.

- Vai tudo correr bem, pequenininha… Eu prometo. – sentindo-me desfalecer tenuemente com a emoção do reencontro, David contornou os meus ombros com o seu braço esquerdo e beijou-me a têmpora manifestando a protecção que iria erguer sobre mim durante aqueles dias, e foi daquela maneira, apoiada no seu abraço, que ele me levou consigo para a sala de jantar onde já todos começavam a ocupar o seu lugar na mesa

Numa preferência propositada, fiz com que não me sentasse nem ao lado de Ruben nem ao lado de Inês, ficando então entre Brenda, que me chamou para junto de si, e David que tomou lugar junto também da sua namorada de dois anos, Adriana.
Contudo não consegui impedir que ele ocupasse uma das cadeiras do lado oposto da mesa onde eu me encontrava, não ficou à minha frente porque numa picardia Mauro roubou-lhe o lugar, mas ficou perto.

- Estive a falar há pouco com os meus pais, e eles disseram que só conseguiam vir na noite anterior ao casamento. – dirigindo-se essencialmente à sua futura-sogra, Inês pronunciou-se pela primeira vez relativamente ao seu casamento, já o jantar ia a meio, e sem ela mesma saber, apercebi-me então do motivo que a levara a não estar presente no momento da minha chegada

- Mas aconteceu alguma coisa para não conseguirem vir mais cedo? – inquiriu-lhe em contrapartida a Dona Anabela, no seu jeito amistoso e preocupado de ser

- Não, nada demais… O congresso a que eles foram em Madrid, está a prologar-se mais do que o esperado, e é por isso que não podem vir mais cedo.

- O importante é que cheguem a tempo da cerimónia!

- Sim, é verdade. – ela concordou com um sorriso branco e perfeitamente polido que lhe preencheu os lábios finos, e depois centralizou-se unicamente em Ruben, previsivelmente sentado ao seu lado – Eles estão super ansiosos com o nosso casamento, amor.

Em retribuição ele não lhe disse nada, mas devolveu-lhe o mesmo sorriso que ela apaixonadamente lhe mostrara e ofereceu-lhe um beijo na face, que apesar de banal não deixou de ser a razão pela qual o meu coração se comprimiu num punho cerrado e afligido, e então tive que desviar o olhar deles e voltar a concentrar-me no meu prato – que se encontrava parcelarmente cheio pela minha falta de apetite-, de maneira a não envolver-me demasiado no cenário em que me cingia e escapar assim a emoções puníveis que me arrastassem para uma noite longa de choro.

- O meu sobrinho ‘tá bem? – perguntou-me o sempre querido David ao meu ouvido, de maneira a que só eu me pudesse aperceber do teor que sustinha aquela conversa, que dentro daquelas quatro paredes só nós dois e Adriana poderíamos compreender, não se dispersa-se pelas atenções de toda a sala

Rasguei imediatamente os meus lábios num sorriso radioso e feliz pela pergunta carinhosa dele, juntamente com um breve serpentear da cabeça que lhe acenou positivamente e o fez captar a minha resposta silenciada.
Depois voltei a desviar o olhar do sentido do meu amigo, e este, num gesto vulgar, deambulou pela mesa e foi colidir acidental e irrevogavelmente no de Ruben, e foi então que reparei, no mesmo segundo em que nos voltámos a fitar, que ele nos estivera a observar, a mim e a David, atentamente, porém e ao reparar que tinha sido apanhado em flagrante por mim, disfarçou, olhando rapidamente outro ponto na sala que não focasse a minha direcção.
Não posso dizer que aquele momento não me tocou, porque estaria a mentir, é certo e verdade que me tocou e mais do que aquilo que eu poderia imaginar… Só o simples facto de o ver reparar em mim, de sentir que de vez a vez, e muito discretamente os seus olhos me procuravam, provocava dentro de mim uma arritmia alucinante que fazia o meu coração disparar furiosamente como se quisesse arrancar-se do meu peito e projectar-se na direcção do seu respectivo e insubstituível dono, apesar de este já ter as mãos ocupadas com o coração de outra mulher.



***



Recusei o café assim como o serão de convívio passado junto à lareira para o qual fui chamada, da maneira mais educada e remetida possível, perdoando-me com o meu cansaço que me fez voltar ao meu jipe para buscar a mala e o meu vestido para o casamento, e ir conhecer o quarto onde iria pernoitar as próximas noites, juntamente com as restantes meninas com quem eu iria dividir espaço. Embora tivesse agradecido, porém recusado a sua ajuda, a minha querida Adriana ofereceu-se intempestivamente para me ajudar a arrumar as minhas coisas e acompanhar-me ao nosso quarto, uma parte também na intenção de ficarmos algum tempo a sós e podermos falar mais à-vontade sem a restrição de outras presenças que nos privassem de uma conversa mais íntima e que mais ninguém deveria ouvir.

- Podes dormir comigo… As restantes camas já estão ocupadas pelas outras meninas, e como eu fiquei com a de casal… - sugeriu Adriana meigamente e um pouco depois de entrarmos no quarto, oferecendo-me um lugar na sua cama emprestada onde eu pudesse repousar

- Se não te importares… Obrigada. – agradeci com um sorriso puramente grato, e após pousar o vestido que vinha devidamente revestido pelo saco de transporte plastificado, sobre a cama, comecei a desfazer a mala e a distribuir a minha roupa num dos gavetões da cómoda vazio que passou a pertencer-me temporariamente

- Precisas que te ajude em alguma coisa?

- Não, amor, não é preciso… Eu trato disto. – recusei sem hesitações, sabendo que eu mesma conseguiria terminar aquela breve tarefa em poucos minutos, e então depois somente um silêncio passivo e um tanto delongado revestiu a amplicidade do quarto até alguma de nós voltar a falar

- Não gosto nada de te ver assim, amor… - foi ela a quebrar a mudez em que nos restaurámos, desabafando bucolicamente enquanto sentada na lateral da cama de onde me observava desde há minutos

- Do que é que estás a falar, Adriana? Eu estou bem… - fazendo-me passar por despercebida face à sua intervenção, interpretei o melhor que pude do meu papel de mulher forte que já tinha ultrapassado todos os obstáculos e barreiras de um sofrimento ainda muito presente, sem guardar qualquer mágoa ou rancor, e concluí com um sorriso do mais falseado e cínico possível   

- Joana, para mim não tens que fingir… Eu conheço-te! Basta-me olhar para ti para ver que não estás bem, não sabes mentir…

- Pois, mas estou. – vinculei decididamente, como se as minhas palavras tivessem algum efeito controlador sob o meu estado de espírito – E eu não quero falar mais sobre isto!

- Mas nós não chegámos a falar sobre nada… - ela sentiu-me nervosa quando comecei a acelerar o percurso que fazia entre a cama e a cómoda, enquanto já terminava de arrumar as minhas coisas, e numa evidência inofensiva, apanhou-me na teia que eu própria estava a tecer em meu redor

- Óptimo, porque eu não quero mesmo falar. – afirmei num torpedo intempestivo que se igualava aos meus sentires, cortando ali todas as tentativas dela em me fazer desabafar sobre o que mais me pesava no peito

- Nem sobre o Ruben?

- Principalmente sobre o Ruben.

- Então quer dizer que estás bem com esta história toda? Com facto de teres de partilhar o mesmo espaço com ele e com a Inês… O casamento deles… Está tudo bem para ti, então?

- Está tudo óptimo para mim! Desde que eles estejam felizes, é o que interessa realmente, não é? O que eu sinto ou o que deixo de sentir, não importa. – ditei sem que a voz me fraquejasse uma única vez e sem a olhar, e agachada na frente da cómoda, fechei finalmente o último gavetão, dando por concluída a minha tarefa

- É claro que importa, amor, é claro que importa! – ela tentou restituir em mim alguns direitos que me pertenciam, até porque era de Ruben de quem eu esperava um bebé, mas agora era tarde para tentar remediar o que eu julgava ser irremediável – O que tu sentes importa!

- Não, Adriana, não importa! Eu aqui não passo de uma personagem secundária… A Inês é a noiva e eu sou apenas a madrinha, é o único lugar que posso ocupar e só tenho de me conformar com isso. – por fim encarei-a, fragilizada, magoada, triste, mas caminhando lentamente para o conformismo pois nada mais restava do que conformar-me

- Aí é que te enganas, Joana! Tu tens outro lugar que podes e deves ocupar… O lugar que ninguém te pode tirar, o mais importante e especial de todos, e esse é indiscutivelmente o lugar de mãe do filho do Ruben! – Adriana ditou-me cada palavra com uma convicção e certeza tal, que me vi obrigada a desviar o assunto, pois se falasse sobre o bebé que esperava do homem que mais amo, as lágrimas que já se haviam formado em meus olhos, rapidamente conheceriam os caminhos que correr

- Isto vai passar, eu agora estou um pouco em baixo, mas quando me habituar a… - tentei encontrar uma descrição que se adequasse a toda aquela situação, ao motivo-rei que me levara a estar ali, o pior motivo de todos – … a isto(!), quando me habitar tenho a certeza de que vai passar, eu vou ficar melhor e a minha vida vai voltar ao normal.

- Lamento, mas não posso concordar contigo… Essa dor, essa tristeza que estás a sentir, Joana… Isso tudo não vai passar com a rapidez e naturalidade que desejas. Se durante todo o tempo que passou não te conseguiste habituar à ideia de que o Ruben refez a vida dele com outra pessoa e vai casar, duvido seriamente que o conseguias fazer nestes dias. – ela falou comigo com a máxima honestidade de que era portadora, tentando apaziguar a realidade com eufemismos que não me levassem a magoar-me ainda mais, e embora não me tivesse prenunciado, dei-lhe razão quando mentalmente reflecti sobre o assunto

- Seja como for, eu tenho de fazer um esforço! Eu tenho de fazer um esforço e dar a volta por cima! – obriguei a mim mesma a mentalizar-me daquelas palavras que adoptei como um regime durante o caminho que me trouxera para ali, da mesma forma a que obriguei as lágrimas a permanecerem no seu sítio e não vacilar, mantendo uma postura rígida e imparcial que pretendia levar até ao dia daquele casamento, mas esta estava a tornar-se bem mais difícil de manter do que eu esperava – Só tenho de ficar aqui algum tempo, cumpro a minha função, faço o meu papel e depois vou embora… Tão simples quanto isso.

- Sabes perfeitamente que não vai ser assim tão simples, amor, e não está aqui ninguém para nos ouvir, ele não está aqui… Podes ser sincera.

- Mas eu não quero ser sincera, eu não quero! Porque a partir do momento em que eu passar a ser sincera, isto vai doer ainda mais e eu não posso envolver-me, eu não posso deixar…

- Ei, vem cá… - vendo-me começar a descambar e perder o controlo de mim mesma, a minha amiga avançou na minha direcção, totalmente disposta a amparar-me nos seus braços enquanto eu continuava a falar já sem fôlego que me sustentasse, a fazer um sacrifício quase desumano para não chorar

- … não posso deixar levar-me pelo que sinto, porque o que sinto está totalmente errado, totalmente…

E finalmente, aconteceu. No meio de tanta luta, de tanto esforço para não mostrar o meu lado mais fraco, mais humano e incuravelmente o mais apaixonado, desfaleci por completo e deixei que fossem as emoções a tomarem conta de mim… daquela vez. As lágrimas caírem em fileira e pouco levou até que um choro compulsivo se instaurasse em meu peito e o sacudisse em soluçares aflitivos que patenteavam o dilema que me arremetia trancada numa masmorra de profunda tristeza onde ninguém me poderia salvar, nem mesmo a minha querida Adriana, que naquele abraço se forçou por me transmitir o máximo de conforto e carinho de que eu não prescindia mas que também não me trazia de volta os prazeres de saber viver.

- Shiu, não fiques assim… Vai passar, vai passar… - sussurrou-me ela, numa jura embalada pelo seu abraço terno e protector que escudava a nossa amizade

- Como é que eu posso continuar a amar tanto um homem que vai casar com outra mulher? Como? – sem conseguir continuar com aquela farsa de esconder a tudo e todos que aquela situação me matava, porque me matava, libertei-me das amarras que me obrigavam a ser forte custasse o que custasse, e ainda num choro lastimável não temi mais a desenlaçar os nós do meu coração para abri-lo e expô-lo a quem mais confiava – Eu sei que não posso ficar com ele, mas também não o quero perder, Adriana… Não quero…

- Calma, pequenita, tem calma… - pacientemente ela continuou a tomar conta de mim, continuou a apertar-me fortemente contra si, deslizando a sua mão cálida nas minhas costas tentando serenar-me

- Posso? – e quando finalmente serenei, ouvimos dois toques leves pressionarem a porta, até à voz de Paula soar atrás de mim e fazer-me sobressaltar junto a Adriana – Joaninha, andava à tua procura… Era para perguntar-te se querias ir ver o Gabriel… Como está na hora de ele comer, agora apanha-lo acordado… - ela não entrou nem tampouco se aproximou de nós, limitando-se a permanecer atrás da porta com a cabeça ligeiramente inclinada para o interior, e interiormente agradeci por isso

- Ah… Sim, sim… Dá-me só um minutinho e eu já vou ter contigo. – desviei o rosto na sua direcção, mas não totalmente, pois se o fizesse iria facilmente expor-lhe os meus sentires, a minha cara de choro, e o que eu não queria naquele momento era responder a perguntas que me poderiam comprometer

- Está bem, querida… O quarto onde estamos é o da segunda porta à direita a contar do fundo o corredor. Até já! – antes de ela voltar a sair, de relance ainda tive tempo de lhe ver um sorriso simpático e condescendente no rosto, que depois desapareceu ao retirar-se e voltar a fechar a porta

- Pronto, agora limpas essa carinha, pões um sorriso lindo nos lábios e vais andar de cabeça erguida, está bem? – Adriana voltou a falar-me num tom de ternura que me amoleceu o coração e o deixou ligeiramente mais forte para continuar a bater, ao passo de que os seus pequenos dedos iam secando a humidade que me residia nas faces pelo choro recente que então tinha cessado

- Obrigada, amor. – foi tudo o que eu lhe consegui dizer perante o porto de abrigo que ela cada vez mais me mostrava ser, e antes de sair e ir ter com Paula que me esperava, dei-lhe um beijinho doce que lhe plantei suavemente na bochecha 

Quando me recompus o suficiente para voltar a mostrar a cara sem receio a quem naquela casa se cruzasse comigo, saí do quarto deixando Adriana para trás, e agora mais calma, mais serena e sem dúvida mais capaz de enfrentar aqueles dias, segui pelo corredor a passo aligeirante que só bradei ao chegar junto da porta do quarto ao qual Paulinha me tinha indicado para ir bater.

- Entra, entra… - ela deu-me permissão logo assim que me viu espreitar para dentro do quarto, e então entrei, invadindo o espaço que se encontrava totalmente passivo e harmonioso onde Paula, Mauro e o pequeno Gabriel dormiam naquela semana

- Meu Deus, Paulinha… - instantaneamente os meus lábios rasgaram-se num sorrisinho totalmente maravilhado ao olhar pela primeira vez o sobrinho de Ruben, que ocupava o melhor colo do mundo: o da mãe – Mas que rapagão tão lindo tu tens aqui!

- É lindo, não é? – ela sorriu-me de volta no seu jeito de mamã babada e depois perdeu-se novamente ao olhar o filho, que era embalado ternamente nos seus braços – Queres pegar-lhe?

Fiquei nervosa quando ela me confrontou com aquela pergunta, mas acabei por dizer que sim apenas num consentimento com a cabeça que se agitou somente duas vezes no ar.
Tive receio em pegar ao colo um serzinho tão frágil como era aquele, tão pequenino, tão indefeso, simplesmente por temer cair no terrível descuido de perder as forças e deixá-lo escapar dos meus braços, de o magoar de alguma maneira, mas de um jeito totalmente incrível e inesperado, quando dispus o meu corpo para recebê-lo e Paula mo confiou muito calmamente, todos os meus receios foram sugados com uma rapidez incrível e de repente o mundo para mim ganhou um novo sentido, uma nova razão que o permitia continuar a girar sobre si mesmo.
Aquele cheirinho tão característico e delicioso de bebé que provinha dos aromas da sua pele perfumada, o corpinho rechonchudo, os pequenos dedinhos que se agitavam em duas mãos delicadas, as maçãs do rosto rosadinhas, e aqueles enormes dois olhos castanhos reboludos que sobressaiam do rosto de um pequeno anjo. Senti o meu coração ser tocado por uma mescla nostálgica de sentires que me invadiram naquele momento, e de novo as lágrimas subiram para lacrimejar os meus olhos… Ali, segurando e protegendo no meu colo o sobrinho do (meu) Ruben, aquele momento fora o mais próximo da realidade que eu iria conhecer dentro de alguns meses, e foi fatal sentir uma vontade inexplicável de segurar em braços o meu próprio filho que estava para nascer.

- O Mauro já deve estar a chegar com o biberão aquecido para ele comer…

- Um biberão? Já não amamentas? – inquiri duvidosa, pois sabia que um bebé deveria ser amamentado até aos seus seis meses de vida, por uma alimentação mais rica e completa que era o leite da mãe, e como o pequeno Gabriel não deveria ter mais dos seus três… sim, a verdade é que eu já tinha começado a fazer as minhas pesquisas

- Ele ainda mama do meu leite, mas ultimamente tenho tido dificuldades em amamentá-lo directamente do peito e o médico aconselhou-lhe por enquanto a tirar o leite com a bomba e dar-lho pelo biberão até ele voltar a mamar normalmente até ao meio ano…

- Hum… E… custa?

- Como assim…? Custa o quê? – Paula não percebeu o ponto da minha questão, muito graças a eu talvez não ter sido suficientemente clara quanto ao que queria saber, mas então reformulei

- Se custa amamentar… Se doí…

- Ah! – ela riu-se levemente por finalmente ter percebido, e eu senti-me ligeiramente envergonhada… tinha curiosidade em saber, visto que a experiência própria não vinha descrita nos livros – Não, não dói nada… Claro que tem de se colocar bem a boca do bebé no seio, e fazer bem a pega, mas isso é uma questão de hábito e prática, não é nenhum bicho-de-sete-cabeças como eu pensava que iria ser… - esclareceu sempre com um sorriso nos lábios enquanto olhava o pequenote, calmo no meu colo, e depois voltou a altear o rosto para olhar-me a mim – Mas… Porque é que perguntas?

- Paula… - (in)felizmente não tive de lhe responder a uma pergunta que me deixara claramente sem resposta, pois naquele instante uma nova presença assim como um novo perfume invadiu uma parcialidade do quarto, e temi em encarar a pessoa que espreitava à porta que eu mesma deixara meramente encostada – Desculpa, eu não sabia que vocês…

- Entra, Ruben! Podes entrar… – foi ela a dar-lhe permissão, e estando de costas, ao ouvir aquele nome, não tive a mais pequena dúvida de que era ele… era ele e estava ali

- Vim dar-te o biberão do Gabriel… - senti-o a aproximar-se de nós pela intensidade do movimento que era aplicado no soalho flutuante do chão, à medida de cada passo que dava, e a sua voz se tornava mais contígua – O teu marido é que era para o trazer, mas como eu vinha cá em cima ao meu quarto, ofereci-me…

- Obrigada, cunhadinho! – Paulinha agradeceu-lhe devidamente e não resistiu brincar com ele ao de leve, pelos anos de cumplicidade que ambos partilhavam

- De nada, cunhadinha! – também Ruben entrou no espírito e passou-lhe para a mão o biberão que viera trazer pessoalmente, cheio pelo leitinho que iria satisfazer a barriguita do bebé Gabriel – E… Ele já está melhor das cólicas? – neste momento o meu ex-namorado já se encontrava lado a lado comigo, enquanto abordava ainda a mãe do seu sobrinho, e era evidente para mim que a sua presença inesperada me deixava constrangida e até desconfortável ali

- Sim, por enquanto já passaram, mas se voltarem temos de ir com ele ao pediatra.

Ruben não olhou muito para mim, apenas se vergou a um relancear rápido que nos permitiu trocar um sorriso pequeno e discreto, sem nunca voltarmos a entrar num igual momento de hipnose que nos vitimou na sala mesmo antes do jantar.
Sentia-me quase que a sufocar naquele lugar, e o querer sair dali e ir refugiar-me no quarto, surgiu com a naturalidade que eu já estava à espera, mas sabia que não poderia ir embora assim, sem mais nem menos, num rompante que me há mudado a ideia de ficar, e sabia ainda melhor que não poderia fugir dele sempre que tivesse a pouca sorte de ocuparmos o mesmo espaço… a centímetros um do outro.
Na falta de palavras onde só o pequenito era contemplado do meu colo por nós os três, um telemóvel começou a vibrar sob a mesinha de cabeceira e foi a Paulinha que correu celeremente para pegá-lo.

- Não se importam de ficar um pouquinho com o Gabriel e dar-lhe o biberão? O Mauro esqueceu-se aqui do telemóvel e estão a ligar-lhe do trabalho… Tenho que ir lá a baixo entregar-lho…

- Paula, eu… - não queria ter de ficar ali sozinha com Ruben, obrigada por um favor que Paula nos há solicitado, mas antes de qualquer oposição e recusa da minha parte, ela apressou-se, não olhando minimamente o meu desconforto

- Não demoro nada, volto já… - ela saiu numa corridinha leve mas apressada, deixando-nos totalmente encarregues do seu filho

- Bem, parece que ficámos de babysitting… - o olhar de Ruben ficou suspenso na porta onde viramos Paula sair há um par de segundos, e falou, de modo talvez a aliviar a tensão que poderia suscitar-se no meio de nós

- É… Parece que sim… - concordei com um sorriso de expressividade vazia, continuando a concentrar-me no bebé

- E queres ser tu a dar-lhe o biberão ou preferes que seja eu? – com aquela interrogação, ele fez-me olhá-lo cara a cara, pela então tarefa que tínhamos em mãos

- Posso ser eu. – consenti sem pensar demasiado no assunto, e todo o momento que se seguiu provocou-me um arrepio trépido na espinha, pelo presságio que se começou a desenrolar na frente dos meus olhos
                                                                                                                             
Antes de me passar o biberão, Ruben atestou a temperatura do leite, convertendo uma gotícula nas costas da sua mão, e só aí, depois de comprovada a segurança de Gabriel poder comer ser o risco de se queimar, fiquei à vontade de lhe dar o biberão.
Impressionou-me a descontracção e naturalidade que ele usou para fazer aquele pequeno teste que era habitual antes de se alimentar os bebés, e o que só me fez ter a certeza de que aquela não era definitivamente a primeira vez que Ruben cuidava do sobrinho, e por isso já ter adquirido alguns hábitos essenciais que lhe iriam ser úteis para o futuro… Agora um futuro que lhe fora antecipado.

- Toma. – em momento simultâneo que me oferecia o pequeno recipiente, um sorriso pueril e imensamente belo que eu já tinha saudades de lhe ver, subiu as lacunas dos seus lábios e foi projectado a mim

No momento em que coloquei a tetina na boquinha de Gabriel e ele começou a mamar, lembrei-me que a última vez que praticara aquele mesmo gesto tinha sido com o meu irmão Salvador, e já lá iam uns bons aninhos.
Uma imensa nostalgia abarcou o meu coração e levou-me a prever como seria dali a alguns meses, quando chegasse o momento de dar o biberão ao meu próprio filho.

- Então e… Como estás? – para evitar que caíssemos num total silêncio mórbido que nos levasse a agir como se nem nos conhecêssemos na presença um do outro, fui eu a primeira a voltar a pronunciar-me, numa lufada de alento e força que recebi na distribuição de um suspiro pelo ar, que deu seguimento a uma conversa passiva entre nós

- Ah… Estou bem, e tu… Como tens andado? – inquiriu-me de volta, naquela que era uma típica conversa de circunstância, a qual não pretendíamos de todo levar para o ridículo nem para os limites do desconforto

- Tenho andado bem, também… Dentro dos possíveis, mas bem. – falei sem pressão, desviando os olhos de Gabriel dois segundos para incidi-los nos dele – E o trabalho… Como estão a correr as coisas no Benfica? Está tudo bem?

- Mais ou menos… Lesionei-me no último jogo, e vou ter que ficar parado durante algum tempo.

- Alguma coisa grave? – os meus seis sentidos despertaram-me de imediato a preocupação que residia sobre ele, e até aquele momento adormecida… não disfarcei, não tentei desmentir, Ruben deve-me ter notado ligeiramente desassossegada face ao seu estado de saúde

- É uma rotura parcial no joelho, nada que o tempo e muita fisioterapia não tratem, espero… Para já o departamento médico não quer que eu jogue nem treine pelo menos durante as próximas três semanas, então…

- Vais fazer falta à equipa…

- Eles desenrascam-se bem sem mim! – apesar da problemática física o ter impedido de fazer o que mais gosta, Ruben teve sentido de humor suficiente que o levasse a brincar com a situação, mas ao contrário dele eu não tive o mesmo à-vontade, continuava preocupada com ele e essa sensação não iria mudar – Mas é verdade… Não te tornei a ver nos jogos… Gostavas tanto de ir ver o Benfica ao estádio e nunca mais te vi por lá…

- E continuo a gostar, mas não tenho tido muito tempo por causa do trabalho e da faculdade… Mas sempre que posso acompanho pela televisão.

- Hum… Compreendo.

A falta de tempo não era o factor condicionante que me deixara de fazer ir ao estádio… A razão era ele e a nossa separação, o receio dos encontros inevitáveis, do desconforto da presença constante de Inês.
E estava tudo dito entre nós. Nenhum outro tema poderia reatar um potencial diálogo, e uma vez mais mergulhámos nas profundezas de um mar mudo e silencioso que nos cortou o contacto de ligação por palavras, mas nunca o contacto visual.
Por consequência do seu corpo estar tão perto do meu, o seu perfume ao qual se mantinha fiel há anos, arrastou-se aos meus sentidos e fez-me transportar em mente para momentos vividos e partilhados a dois, e ao contrário do que aconteceu há minutos atrás, senti um desejo intenso de ficar.
Inexplicavelmente foi atacada por uma vontade enorme de partilhar com ele a alegria da chegada preste do nosso primeiro – e único – filho, uma vontade enorme de me perder nos seus braços e matar a saudade daqueles lábios, uma vontade de ser dele para sempre.   

- Tive saudades tuas… - um sussurro inebriante voltou a preencher o ar que nos envolvia e toda a sua aura, e as palavras proibidas voltaram a ser pronunciadas

- Não acho que este seja o momento, Ruben…

- Só queria que soubesses. – um suspiro derrotado abarcou a minha alma e todo o seu ser, e vi-me obrigada a confessar-me também

- Eu também tive saudades tuas.

Tive muitas saudades, mais do que aquelas que ele algum dia seria capaz de imaginar, mas não me delonguei demasiado em pormenores que para o nosso bem deveriam continuar ocultos e reservados em cada íntimo de nós… Agora era tarde demais para expressá-los e querer vivê-los.

- Bem, o Gabriel já comeu tudo… É melhor eu ir embora, não te importas de ficar com ele, pois não?

- Não, claro que não me importo, mas… - antes que me fizesse mudar de ideias e a sua persuasão de saber como me manipular, conseguisse continuar a prender-me ali, com todo o cuidado do mundo, entreguei o bebé nos seus braços – Mas já vais? Não podes ficar mais um pouco? Queria falar contigo…

- Falar sobre o quê?

- Ah… Então, sobre… Sobre o casamento, claro… - não sei dizer se ele estava a mentir ou a falar a verdade apenas para querer dividir mais tempo comigo, a sós – És a minha madrinha, e achei que devêssemos conversar…

- Sim, tudo bem, mas então podemos falar noutra altura? Amanhã, talvez? Estou cansada e preciso mesmo de ir dormir… - desculpei-me o melhor que consegui, e apesar de achar não ter parecido convincente o bastante, para meu grande alívio, Ruben não insistiu comigo

- Claro… Então amanhã eu procuro-te para falarmos.

- Está bem. – anuí, preparando-me para me retirar e escapar... por aquela noite e ó por aquela noite apenas escapar às partidas que o coração iria pregar sobre nós – Boa noite.

- Boa noite, Joana. – como todos as boas noites que desejávamos um ao outro em outros tempos, também desta vez senti um querer em me despedir com um beijo, mas retraí-me no meu canto e nada mais do que um sorriso amistoso foi partilhado com ele mesmo antes de sair e o deixar a sós com o pequeno Gabriel



***


Naquela noite tive muitas dificuldades em conseguir adormecer. O meu corpo agitava-se de um lado para o outro na cama, e todas as posições em que me dispunha, pareciam desconfortáveis para conseguir fechar os olhos e entregar-me à fadiga que me corrompia por completo.
O quarto estava todo ele entregue às respirações profundas das meninas que, ao contrário de mim, dormiam tranquilamente, e até mesmo Adriana, que deitada ao meu lado permanecia envolta numa paz e tranquilidade que eu invejava em não sentir de igual forma, quando o meu pensamento demarcava unicamente uma pessoa: Ruben! Não conseguia parar de imaginá-lo num outro quarto a dormir junto a Inês, e perguntei-me mil vezes se a abraçava, se a beijava, se a aninhava no seu corpo e lhe segredava carinhos. Não soube responder e entreguei-me à tristeza de não ser eu a estar no lugar dela… O lugar mais privilegiado do mundo, e que eu desejava mais do que tudo ver voltar a ser meu.

                                                         



                       Olá, meninas! :)
Venho finalmente trazer-vos a primeira parte do novo capítulo,
 espero que gostem e não se esqueçam de deixar os vossos comentários,
é muito importante para mim saber as vossas opiniões quanto à história!

Um beijinho a todas e boa leitura,
Joana :)


76 comentários:

  1. Adorei adorei adorei. Quero o próximo rapido.bjs

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  2. Lindo adorei. estou ansiosa para que ela revele que está grávida !!! Tenta trazer o proximo capitulo o mais rapido que possas, como fizeste neste . beijocas

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  3. Amor de perdicao... e nao é que é mesmo um amor de perdicao o do Ruben e da Joana?!
    Quero a parte II.
    Ruben + Gabriel + joana = que lindooo *.*
    E sim, ela devia ter dito que daqui a uns meses terao um bebe assim, so deles :)
    Adorei a confissao do Ruben :" tive saudades tuas" e amei a resposta da joana " eu tambem"!!
    Eu amooooo esta historia, era capaz de ler, ler e ler sem parar... é maravilhoso a forma como escreves :)
    Beijinhos

    P.s. espero ansiosamente pela parte II ;p
    Ah, e amei o carinho do David ao perguntar pelo sobrinho e a perspicácia da Patrícia ao dizer que a Joana estava mais bonita, com um brilhozinho nos olhos diferente.

    Lisandra

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  4. É uma tremenda satisfação quando vejo que publicaste um capitulo novo... é um crime a espera de um capitulo novo teu... claro que compreendo que não tenhas tempo, mas não posso deixar de expressar o meu sentimento ;)
    Agora o capitulo, passou 3 meses e a Joana não lhe contou???? Como é possivel??? Nem quero imaginar que ela o vai deixar casar.... vou ter muitos ataques, mesmo muitos!!!!
    Como sempre um capitulo fantástico e não consigo deixar de pensar que quero ler mais!!!
    Beijo

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  5. Bem, como sempre amei. Adorei a parte do Rúben verificar a temperatura do biberão. Estou mesmo ansiosa para que ele descubra, quando será esse grande momento?

    Ansiosa e outro capitulo que não poderia deixar de ser perfeito como todos os outros.

    Beijinhos,
    Alexandra

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  6. ohhh *.*
    mais uma vez parabéns o capitulo como sempre está demais :) não vejo a hora do Ruben saber que vai ser pai...
    continua!!!

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  7. Só agora tive oportunidade de comentar, mas li este capitulo umas 5 vezes p'ra conseguir escrever qualquer coisa aqui...
    matas-me com esta história :)
    está tão, mas tão LINDA!!!
    como será revelada a boa-nova?? estou super ansiosa p'ra ler esse momento!!!
    publica rápido, por favor ...

    beijinho enorme

    Catarina

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  8. ahhh e esta música é espectacular !

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  9. estou completamente rendida :)
    fazes-nos sofrer, mas é um sofrer bom ...
    faz-nos querer ler mais e mais !!!

    beijinho

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  10. quando voltas a publicar? beijinho

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  11. Peço desculpa mas ainda não consigo dar uma previsão de postagem :(

    Beijinhos*

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  12. mais um, pleaseee :)
    estou super ansiosa ...

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  13. ohhh, que capitulo mais lindo, não me canso de ler e reler :)
    resta esperar pelo próximo, e que ele venha depressa !

    beijinho grande

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  14. Olá :)
    leio a tua história desde início e todos os dias venho ver se já publicaste alguma coisa nova...
    faço anos no próximo dia 18 e gostaria muito que conseguisses publicar nesse dia xD

    um beijinho

    Carolina

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  15. Carolina, neste momento encontro-me numa fase complicada onde tempo para conseguir escrever se torna muito escasso, e embora já tenha começado a trabalhar no próximo capítulo, ainda não tenho noção de quando o poderei publicar.
    Contudo prometo-te que vou fazer um esforço para publicá-lo no dia do teu aniversário, mas caso não consiga, peço desculpa.

    Um beijinho grande :)

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  16. Isto sim é um amor de perdição, eles vivem perdidos num amor sem fim, mas como são os dois teimosos teimam em viver separados e a sofrer. A escolha da música encaixa na perfeição na história destes dois casmurros.
    Não sei até quando a Joaninha vai conseguir guardar segredo da gravidez, só tenho medo que quando o Ruben souber não acredite que o filho é dele.
    A Patrícia foi perspicaz notou uma diferença na Joana, só não soube o quê, mas acho que não vai ser fácil para ela continuar a esconder de toda a gente que está grávida, até porque a barriguinha já se nota, e gostava muito que uma das pessoas a descobrir fosse a dona Anabela, se já tá feliz com um neto imagino quando souber que vem outro a caminho.
    O David é um querido, preocupado com o sobrinho, é a sorte da Joana ter ao lado dela pessoas que a apoiam, e dão-lhe força, porque ela bem vai precisar nos dias que se aproximam, porque a Joana é masoquista, só pode, ser madrinha do casamento do homem da vida dela, haja coração, é preciso ter coragem.
    Gostei do momento deles com o pequeno Gabriel e da confissão de ambos de que tiveram saudades um do outro. Fogo nem mesmo assim o Ruben ganha coragem de desistir do casório com a outra e nem a Joana conta que espera um filho dele. Estes dois levam-me ao desespero, mas adoro-os, só tenho mesmo pena é de não ter mais para ler, eu sei que tempo é coisa que não tens, anos só já faço para o ano, mas tá a chegar o natal, uma época tão bonita, pensa nisso com carinho.
    Adorei o capitulo, adoro a história, e tou curiosa e ansiosa com o desenrolar dos acontecimentos, por isso só posso mesmo é querer mais.

    Beijocas

    Fernanda

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  17. Quando voltas a publicar?

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  18. nao me canso de ler este capitulo... ta mesmo lindo, lindo!
    beijinho

    Ana

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  19. estou ansiosamente à espera do próximo :)
    Quando pensas publicar?
    beijinho

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  20. Tou super curiosa para ver o próximo...

    Fantástico... Quero mais...

    Continua...

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  21. Ansiosa, bem ansiosa para o grande dia!!!!
    Então, sai hoje?
    Bjs :D

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  22. Olá :) podes dizer quando voltas a postar o proximo capitulo?
    beijinho

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  23. Meninas, eu sei que estou em falta para com vocês que já estão à espera de um novo capítulo há imenso tempo, mas infelizmente não tenho conseguido dedicar-me a ele com a frequência que gostaria e por isso ainda não sei quando vou ter disponibilidade para terminá-lo e publicá-lo aqui no blogue.
    Peço imensa desculpa, e quando tiver novidades, avisar-vos-ei. :)

    Um beijinho,
    Joana

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  24. Quero mais ( beicinho) !!!

    Beijinhos*

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  25. quero mais... please *.*

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  26. Para quando o proximo? ;)

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  27. Oieee, tem uma ideia do dia que tu vai postar? É só para eu não morrer de ansiedade, e esperar no dia certto, pfvr! hehehe

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  28. Mais uma vez devo-vos um enorme pedido de desculpas, vocês já estão há espera de um capítulo novo há imenso tempo e infelizmente eu ainda não vos pude dar. Mas com a mesma vontade que têm de o ler, eu tenho de o publicar, contudo não tem sido fácil para mim conseguir escrever e daí ainda não vos ter trazido novidades.
    Espero que compreendam e não desistam da história, conto regressar em breve!

    Um beijinho a todas, e obrigada pelo carinho e paciência :)

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  29. Compreendo :) Mas não vou dizer que não estou super ansiosa por chegar aqui e ver a parte II.
    Se já esperamos até agora, não será agora que as tuas leitoras vão desistir, porque sinceramente acho que por mais que queiram não conseguem resistir a esta Maravilhosa história, é que isto prende, mas prende mesmo! É viciante, escreves tão bem...
    Sabes aqueles livros que por mais que leias queres continuar a ler porque estás tao envolta nele que nao consegues parar, que por mais que estejas quase a cair para o lado, nao da para parar de ler?! É assim a tua história!! :D

    Quero tanto mas tanto ver o Ruben e a Joana de novo bem :) Juntinhos a comemorar a chegada de um bebé, a fazerem planos...

    Beijinhos,

    Lisandra

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  30. espero que o próximo capítulo compense este mês e meio de espera !

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  31. então joaninha? ainda nao conseguiste acabar?

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  32. Sim, claro que sim, só não sei ainda quando conseguirei fazê-lo.

    Beijinho

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  33. obrigada pela resposta ;) beijinhos

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  34. por este andar no ''dia de São NUNCA à tarde...''

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  35. tipo... vai ou não vai ?! deve ser um capítulo muito especial

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  36. criticar pra que? Ela é ocupada como todos nós ! Nós só chegamos aqui e lemos ela tem um grande processo : ideias escrever reler escrever apagar secalhar escrever de forma diferente. Este processo demora. Joana estamos aqui todos os que adoram e que querem acima de tudo o teu bem. Acho que falo por todos os VERDADEIROS leitores. Beijinhos !

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    1. Yes!!
      Concordo em tudo. Beijinhos, Joana!

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    2. É tambem concordo apesar de estar ansiosa por ler mais!
      Beijinho.
      L

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  37. Ainda sem previsões de quando voltas a postar?
    beijinho

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  38. Oh ainda nao? Tenho saudades -.-

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  39. Lamento mas ainda não sei quando conseguirei publicar, até porque o capítulo ainda não está terminado. Vou fazer os possíveis para não me alongar por muito mais tempo para vos trazer novidades... Peço imensa desculpa.

    Beijinhos

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    1. Oh! Joaninha tu assim matas-me do coração, mas eu desculpo-te, e espero o que fôr preciso, lá diz o ditado que "quem espera desespera", mas eu prefiro o que diz "quem espera sempre alcança". Tou ruidinha de curiosidade por esse capitulo.

      Beijocas

      Fernanda

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  40. Desde janeiro que andas a dizer que está quase... tipo LOOOL!!!

    dia 1 de MARÇO, HELLO...

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    1. Uau.. quanta brutidao. Tbm quero muito ler um novo capitulo mas n e preciso falar assim! Ela n deve viver para a fic, ja e uma sorte, deixar-nos ler o que escreve! Podia perfeitamente guardar para ela.

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    2. mas já que partilha, partilhe rapido nao?
      nao venha dizer que esta quase de semana a semana... quando está visto que não é verdade LOOL

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    3. Eu nunca disse que estava quase, disse sim que o capítulo ainda não está terminado, e apesar de querer concluí-lo o quanto antes, como já vos tinha dito, não sei quando terei disponibilidade para tal!
      Há imenso tempo que quero avançar na escrita mas pela falta de tempo devido ao trabalho e aos estudos, e também porque nem sempre a inspiração vem quando é precisa, tem sido impossível dedicar-me ao capítulo para o terminar e vir publicá-lo.
      Lamento se estou a desiludir alguém, por minha vontade já vos tinha trazido novidades, mas infelizmente a minha rotina nos últimos meses não mo tem permitido.

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  41. publica o que ja tens escrito, a gente nao se importa que esteja inacabado...

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  42. "Tens de saber. Tens de me saber. Tens de saber que sou teu e que és minha. Por mais que a vida passe, por mais que cases com outro ou que vivas com outro ou que te entregues a outro. Sou teu e tu és minha. Queiras ou não. És a mulher da minha vida. Literalmente a mulher da minha vida. Tudo o que sei que vivi foi vivido contigo dentro: mesmo dentro. Não ao lado, não comigo: em mim. Dentro de mim. Como um músculo, um osso. Tens de saber. Tens de saber que não adianta fugires. Tens de saber que não há forma de fugir ao que nos somos: ao que nós somos. "


    Pedro Chagas Freitas, in "OU É TUDO OU NÃO VALE NADA"

    Achei interessante :)

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  43. Não conhecia, e confesso que me deleitei com o que li... Obrigada por teres partilhado comigo, gostei muito! :)

    Um beijinho,
    Joana

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  44. faz-me lembrar o que aconteceu com a história da Drii também... deixou de publicar e prometeu que iria voltar a publicar mas foi sempre dando desculpas e já passaram prai 2 anos e nada... se nao queres continuar faz apenas um capitulo de encerramento...

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  45. Não vou escrever nenhum capítulo de encerramento porque quero e vou continuar! Nunca me passou pela cabeça desistir e deixar a história inacabada, simplesmente estou numa fase da minha vida onde não tenho o tempo que preciso para escrever, só isso.

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  46. Nem que tivéssemos que esperar esse tempo! Eu adoro, sinto-me tão feliz quando leio o que escreves. Já disse e volto a dizer! Vale a pena à espera e sei que este processo demora, força ai Joana!

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    1. Concordo!
      Joana, quando você posta, nem parece que esperamos tanto tempo. Tudo vale a pena. Já falei que sou apaixonada por isso aqui (creio que não sou a única), e estou aqui para esperar o tempo que for preciso. Enquanto isso vou relendo capítulos antigos ahahahaha.
      Beijos :*

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  47. Estou tão ansiosa por mais um capítulo!!!
    Estou à espera da reconciliação destes meninos no próximo ou então algo que os venha a aproximar para essa reconciliação eheh

    beijinhos

    Ps: não ligues... todas sabemos que tens uma vida para além disto :) as fiéis leitoras permanecem e esperam SEMPRE !

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  48. publica um capitulo pequenino que seja please

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  49. qualquer coisa p'ra nos matares a curiusidade :)

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  50. Compreendo na perfeição que a vida é complicada e que não tenhas tempo para escrever, mas não posso deixar de te dizer que também eu venho cá regularmente ver se há novidades.
    Aguardo ansiosamente e não desisto de vir ;)
    Beijo.

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  51. Olá! Sei que ja nos explicaste o porquê da demora, mas eu vinha pedir-te assim com muito carinho que publicasses qualquer ccisinha mesmo que nao seja um capítulo inteiro, vá lá :$ vê como uma prenda de aniversário, ja que faco anos no domingo :$

    Quero tanto, tanto, que o Ruben saiba que vai ser papá!!!!

    Beijinhos, pensa com carinho *.*

    Li

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  52. Não tens uma estimativa de quando o irás publicar?

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  53. Vou fazer um esforço para publicar no próximo fim-de-semana, ainda assim não vos prometo nada porque pode dar-se o caso de não o conseguir fazer.

    Beijinhos

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  54. Sempre vais conseguir publicar um novo capítulo este fim de semana?

    beijinho

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  55. estou ansiosamente a espera :)
    beijinho

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  56. Sou a unica esperançosa de que ainda possa sair hoje? hueheuehueheuheu *-*

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